João Goulart Filho, candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL), afirmou, em entrevista à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), na terça-feira (4), que vai reestatizar a Vale do Rio Doce. Segundo ele, “com o pretexto de que a gestão privada seria mais eficiente, vendeu-se a maior empresa de mineração brasileira por um preço ínfimo e o que se viu foi o maior crime ambiental do planeta”.
“Nós temos que fazer a exploração do nosso subsolo de uma forma que traga benefícios para o país e para a população”, disse João Goulart. “Além de provocar esse desastre monstruoso, por causa de ganância dos grupos privados que controlam a Vale, eles não pagam praticamente nada de impostos e os royalties são muito baixos”, acrescentou o presidenciável. Na opinião do candidato, as empresas estatais “são estratégicas para o país”. “Vamos interromper todos os processos de privatização em curso”, garantiu o filho do ex-presidente Jango.
Ele citou o exemplo da privatização da Eletrobrás que, apesar da resistência da sociedade, o governo Temer insiste em colocar em prática. “Esta é uma empresa que foi criada no governo João Goulart. Ela teve e tem um papel fundamental no desenvolvimento nacional. Privatizá-la é um crime contra o país”, observou o representante do PPL. “Eles estão oferecendo a Eletrobrás, ou seja, dez usinas hidrelétricas e mais as linhas de transmissão, por 8 bilhões de reais. Este é o preço de construção de uma usina”, alertou João Goulart.
“Mais grave do que entregar nossas usinas para empresas privadas é o Estado perder o controle sobre as águas doces do país. Nação nenhuma no mundo entrega sua soberania como este governo está fazendo”, disse o candidato. Ele falou também da importância da Petrobrás para a exploração de nossa plataforma marítima. “Não há porque abrir mão de nossa tecnologia, desenvolvida pela nossa estatal. Mais do que isso, não há porque entregar nosso petróleo de mão beijada para empresas estrangeiras”, prosseguiu João Goulart.
Durante a entrevista, o presidenciável do PPL debateu também propostas para tirar o país da crise. Ele defendeu a mudança na política econômica. “Chega de ajustes fiscais”, disse ele. “Esses ajustes só estão piorando a situação do Brasil”, prosseguiu. Ele defendeu que a saída para a crise se dá pela distribuição da renda. “O Brasil tem”, segundo ele, “uma violenta desigualdade social”.
Sua proposta para enfrentar o problema é a elevação do salário mínimo. Ele quer dobrar o valor real do salário mínimo em quatro anos. Segundo João Goulart, serão 20% já no primeiro ano de governo.
Questionado se isso não causaria problemas na Previdência, Goulart disse que com salários maiores, “haverá o crescimento das vendas e, consequentemente, maior produção. Com maior produção, crescerá o emprego e a arrecadação, inclusive para a Previdência”.
Goulart ressaltou também que, com as outras medidas que seu governo vai tomar, como a redução dos juros para patamares internacionais – em torno de 0,5% – “haverá redução das despesas financeiras e, consequentemente o governo poderá também aumentar os investimentos públicos contribuindo para a retomada do crescimento”. João Goulart disse também que irá rever os incentivos fiscais que “consomem em torno de R$ 500 bilhões” e que, segundo ele, foram aprovados “por um Congresso Nacional altamente suspeito por suas ligações com as empresas beneficiadas.
SÉRGIO CRUZ