O governador Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, exonerou o secretário de Educação, Rafael Parente. O substituto, em caráter interino, será o secretário do Trabalho, João Pedro Ferraz, que acumulará as duas secretarias.
O impasse que deu origem à substituição se deu em torno da ampliação do projeto de gestão compartilhada entre a Secretaria de Educação do DF e a Polícia Militar, para as escolas da capital.
O projeto de Ibaneis é visto pela maioria da população do Distrito Federal como uma das formas de garantir o enfrentamento dos graves problemas de segurança pública vividos pela população das comunidades brasilienses, em conformidade com o que é sentido e vivido por quase todo o país.
Diante do aumento de casos de violência, da gravidade do assédio de jovens e estudantes por organizações criminosas e do avanço do tráfico de drogas na região, pesquisas de opinião mostram que chega a 70% a aprovação da população ao projeto de Ibaneis.
Especialistas alertam, no entanto, para a necessidade de separação entre a questão de segurança pública e a questão pedagógica. Há muito debate sobre esta questão na sociedade. Boa parte da população vê a presença maior da polícia nas escolas como uma forma de garantir a proteção da vida de seus filhos.
Natural que em Brasília esse debate fosse intenso. O DF é o local do Brasil onde modelos inovadores e progressistas de ensino, como as Escolas Parque, de Anísio Teixeira, por exemplo, foram implantadas com sucesso no passado e serviram de exemplo para projetos em outros estados, como o dos Cieps, de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, no Rio de Janeiro.
Há em Brasília oito escolas experimentando a gestão compartilhada com a Polícia Militar, desde o início do ano. Não há ainda estudos avaliando o resultado deste modelo. No sábado (17), o governo do DF (GDF) organizou votações localizadas para análise da proposta em mais cinco unidades de educação. Em três delas a maioria dos votantes aprovou o projeto. Em duas, houve rejeição da implantação do novo modelo.
Diante da decisão do governador de implantar o projeto nas cinco escolas, o secretário de Educação, Rafael Parente, discordou. Ele disse que o programa é bom mas que “não é sensato você pegar um programa que é bom e forçar a barra para implementar em um lugar em que as pessoas não querem aquele programa”.
Porém, afirmou o governador, “nós estamos prestes a um caos dentro da educação como um todo. Com o empobrecimento da população, houve aumento da procura pelas escolas públicas. Então, eu preciso de agilidade nos procedimentos da secretaria”.
Ibaneis declarou que uma das possibilidades é a fusão entre as Secretarias do Trabalho e da Educação: “Acho até que a gente poderia unir as secretarias. Transformar em Secretaria de Educação e Emprego porque as duas coisas estão juntas. Mas isso está em análise, porque também não tenho pressa”.
João Pedro Ferraz assume o compromisso de enfrentar o impasse com a experiência de um trabalho exitoso à frente de uma Secretaria, a do Trabalho, acostumada a mediar conflitos trabalhistas.