Na tarde da última segunda-feira (18) João Pedro Mattos, de apenas 14 anos, foi morto dentro de casa durante operação policial no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Informações da Polícia Civil afirmam que a vítima foi atingida enquanto policiais federais e civis atuavam na comunidade em plena pandemia do novo coronavírus.
Na manhã da última segunda-feira, 18, moradores do Vidigal denunciaram intensa troca de tiros entre policiais e traficantes pelas vielas da comunidade. A operação buscava armas, drogas e bandidos.
Ainda de acordo com a versão policial, em meio ao confronto, traficantes pularam o muro da casa de João Pedro e, de lá, dispararam contra os agentes que revidaram. Um dos tiros feriu a barriga do adolescente, que, sem autorização da família, ou acompanhante, foi levado pelos policiais de helicóptero.
O desaparecimento causou revolta e comoção entre parentes e vizinhos da comunidade alvo da operação policial. Sem saber o paradeiro da vítima, os pais de João Pedro o procuraram por diferentes hospitais de São Gonçalo e Rio de Janeiro em busca de notícias.
Na manhã desta terça-feira, 19, o corpo de João Pedro foi localizado no Instituto Médico Legal (IML) de São Gonçalo.
O primo da vítima, Daniel Blaz, usou as redes sociais para denunciar o desaparecimento. Ainda de acordo com o relato, os policiais implantaram provas contra a vítima para justificar seu assassinato. “A PCERJ implantou provas na casa para que ele levasse a culpa para justificar os erros deles. Gente, pelo amor de Deus, me ajuda”.
Segundo a Polícia Civil, João Pedro foi socorrido de helicóptero e que médicos do Corpo de Bombeiros prestaram atendimento, mas o garoto não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado para o IML de São Gonçalo.
Operações policiais durante a pandemia
Desde a última sexta-feira (15), ao menos três operações policiais foram deflagradas em diferentes comunidades da capital fluminense.
No complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro, agentes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos, realizaram uma incursão na favela que resultou na morte de 13 pessoas.
Nas redes sociais, circulou um vídeo denunciando a ação policial. Nas imagens, é destacada a aglomeração de pessoas diante dos corpos das vítimas, mostrando a dificuldade de cumprir medidas de prevenção em meio à uma chacina.