O ex-deputado João Vicente Goulart, pré-candidato a presidente da República pelo Partido Pátria Livre (PPL), comemorou o enterro da “reforma” da Previdência de Temer. Em entrevista ao HP, nesta segunda-feira (26), ele ressaltou a força da mobilização popular para se chegar a esse resultado positivo. “A derrota já era prevista, já vinha alinhada com a falta de votos – que, dia a dia, vinha minguando – no Congresso Nacional, neste ano eleitoral”, disse João Goulart.
Ele criticou a reação destemperada do Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, após a vitória do Brasil na luta em defesa da Previdência Pública. O funcionário do BankBoston falou em retaliações, com possíveis “aumentos brutais” de impostos, por conta da derrota do governo.
João Vicente rebateu o ministro de Temer dizendo que “a chantagem de Meirelles, via ameaça aos brasileiros menos informados, faz parte da construção de uma hipótese de risco calculado”. “Fizeram isso após constatarem que a reforma previdenciária – que era o discurso preferido do governo ilegítimo – foi para as cucuias”, destacou.
“Sem ter o que dizer para o setor empresarial que sustenta o atual modelo, restava a ele [Meirelles] a ameaça às camadas sociais menos privilegiadas com o discurso do aumento de impostos”, denunciou João Vicente.
“E, sem dúvida, esses aumentos seriam sobre os produtos essenciais à sobrevivência de nosso povo, pois é claro que ele não pensa na extinção da lei Kandir, por exemplo, ou terminar com os subsídios às multinacionais, montadoras, exportadores de commodities, etc”, acrescentou o pré-candidato.
“Agora, o que não podemos”, alertou João Vicente, “é enganar a nós mesmos”. Para ele, “esta mudança de foco, advinda da intervenção no Rio de Janeiro, e que engessou qualquer votação em torno das reformas constitucionais, é mais uma artimanha para maquiar a opinião pública”. Uma artimanha, segundo ele, “bem planejada, orquestrada, medida, na proporção de uma grande virada do foco político em torno da segurança nacional e de combate à criminalidade”.
O ex-deputado lembrou que estas medidas demagógicas já existiam antes, mas que “desta vez”, segundo ele, “está num palco iluminado, visando as eleições de 2018, onde o próprio Temer, imagina poder ser candidato a reeleição e estar fazendo parte da ópera”.
João Vicente falou também sobre as eleições presidenciais deste ano e se disse honrado com a indicação do partido e em poder reerguer as bandeiras de seu pai, o saudoso ex-presidente Jango, derrubado pelo golpe de 1964. “Quanto à lembrança do meu nome para uma pré-candidatura presidencial, a recebo com muita honra, dignidade e patriotismo”, disse.
“Eu vejo nesse desafio uma forma de levantarmos as bandeiras de luta de Jango – as reformas de base – que foram sufocadas, por outro golpe lá atrás, em 1964, quando este país e este povo procuravam, através de um governo legítimo, sua independência política, econômica e social para construir um Brasil de todos”, afirmou o pré-candidato do PPL.
João Vicente observou que a batalha que seu pai travou e que não pode concluir será retomada nesta jornada. “A luta do meu pai era a luta por um Brasil sem privilégios, onde seus filhos tivessem idênticas oportunidades, fossem ricos ou pobres, negros ou brancos, mulatos ou índios, da Rocinha ou do Leblon, brasileiros de todas as origens, irmãos para crescerem juntos”, disse ele.
“Esta batalha vem de longe”, ressaltou João Vicente. “Vamos resgatar toda a energia emanada de nossa longa jornada, de nossas referências e de nossos líderes que tombaram pelo difícil caminho da resistência democrática e da tenaz luta pelo Brasil livre”, acrescentou o pré-candidato do PPL, concluindo com um compromisso: “missão partidária não se discute, se cumpre!”, disse ele.
SÉRGIO CRUZ