O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que pode ser candidato à presidência da República pelo PSB, afirmou que não é “favorável a posições ultraliberais”. Ele indicou que buscará uma abordagem econômica focada no combate à miséria.
“Não sou favorável a posições ultraliberais num país social e estruturalmente tão frágil e desequilibrado como o Brasil, com desigualdades profundas e historicamente enraizadas”, disse, em declarações ao jornal “O Estado de S. Paulo”.
Segundo Barbosa, “basta um rápido olhar para o chamado Brasil profundo ou para a periferia das nossas grandes metrópoles para se convencer da inadequação à nossa ‘engenharia social’ dessas soluções meramente livrescas, puramente especulativas. Evidentemente, elas não são solução para a grande miserabilidade que é a nossa marca de origem e que nós, aparentemente, insistimos em ignorar.”
Demarcando o campo com os representantes do pensamento econômico ultraliberal, comumente designados de neoliberais (PSDB, Dem, Centrão, peemedebistas, lulistas, bolsonaristas), Barbosa frisa que “a ação do Estado é indispensável para reduzir as desigualdades e para proteger os desamparados”.
O ex-ministro do Supremo afirmou também que o Brasil é um país injusto e desigual, onde predomina o “capitalismo de compadrio”. O capital, disse ele, tem que aceitar risco e não ficar simplesmente agarrado ao Estado e dependente de dinheiro barato do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A frase é boa, mas contém uma imprecisão. O dinheiro do BNDES não é barato. Os juros do BNDES correspondem aos que são cobrados em muitos outros países por bancos privados e públicos não necessariamente organizados como bancos de desenvolvimento. Se parecem baixos, quando comparados aos do Itaú, Bradesco e outros bancos comerciais é porque eles praticam juros criminosamente elevados.