
“Israel estará escolhendo uma escalada no conflito ao invés da paz se optar pela anexação”, afirmou o ministro do Exterior da Jordânia, Ayman Safadi, durante encontro com o presidente palestino, Mahmud Abbas na cidade de Ramallah na quinta-feira, 17.
O ministro jordaniano chegou de helicóptero à capital provisória da Palestina (a capital política reivindicada pelos palestinos é a Jerusalém Árabe, hoje ocupada por Israel).
Segundo o jornalista Amir Tibon em artigo para o Haaretz, a Jordânia está conduzindo uma série de conversas com demais países árabes, além de lideranças nos Estados Unidos e na Europa no intuito de deter o movimento anunciado por Netanyahu de – nos próximos dias – anexar unilateralmente a Israel 30% das terras palestinas na Cisjordânia, incluindo o vale do rio Jordão.
“Se Israel levar adiante esta anexação, terá que arcar com as consequências, não apenas em relação à Jordânia. Também estará danificando os esforços regionais para se atingir uma solução abrangente e justa”, disse ainda o jordaniano após o encontro que teve a participação de mais líderes palestinos.
As palavras de Safadi de que “a Jordânia ficará do lado dos palestinos e usará quaisquer meios para lhes garantir seus direitos” e a própria visita foram demonstrativos da disposição do país árabe que firmou acordo de paz com Israel em 1994. Foi o segundo país árabe a estabelecer relações diplomáticas com Israel. O primeiro foi o Egito, em 1978.
Ele alertou ainda que “com a anexação, Israel estará matando a Solução dos Dois Estados e todos os princípios do processo de paz”, referindo-se aos entendimentos que levaram ao acordo de paz firmado por Rabin e Arafat.
O ministro do Exterior da Palestina, Riyad Maliki, enfatizou que a Autoridade Nacional Palestina está adotando uma política coordenada no sentido de que a anexação deve ser detida e as negociações devem ser retomadas com base nos acordos internacionais.
A visita jordaniana a Ramallah foi também uma mensagem aos países árabes sobre a questão. Antes de seguir para a cidade palestina, Safadi esteve com integrantes do governo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para tratar do assunto. Ele trouxe dos Emirados a mensagem de solidariedade aos palestinos e apoio ao movimento encetado pelos jordanianos.
A mensagem, assumida pelo príncipe dos EAU, xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan, declara: “Garanti ao rei Abdullah (da Jordânia) nossa inteira solidariedade e nossa categórica rejeição da anexação ilegal de terras palestinas. Estamos trabalhando com os irmãos árabes e a comunidade internacional contra este movimento ilegal”.
Nos Estados Unidos o próprio rei da Jordânia, Abdullah II, manteve diversos encontros com integrantes do Congresso norte-americano, de acordo com nota jordaniana afirmando que “o rei alertou aos parlamentares dos Estados Unidos que qualquer medida unilateral israelense para anexar terras palestinas da Cisjordânia, além de inaceitável, mina das perspectivas de paz e estabilidade na região”.
Entre os encontros, o rei Abdullah II – decepcionado com a postura de Trump, de estímulo ao disparate anexacionista de Netanyahu (empenhado em criar factoides e conflitos para evitar a ida para a cadeia) – esteve com o republicano Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, e também, em mais dois encontros, com todos os integrantes dos comitês de Relações Exteriores do Senado e da Câmara de Deputados.