
A jornalista Mariam Dagga trabalhava para a Associated Press (AP) e outras agências de notícias, denunciando o genocídio que o estado de apartheid israelense comete contra os palestinos de Gaza. Fotógrafa, ela registrou para o resto do mundo o inferno que o povo palestino está sofrendo nas mãos de Israel com apoio dos Estados Unidos.
Dagga foi assassinada em um ataque israelense contra o hospital Nasser, na segunda-feira, 25. Dagga e outros quatro colegas morreram no ataque junto com outros 15 palestinos. Entre estes, socorristas que foram mortos em um segundo bombardeio quando tentavam salvar feridos.
Dagga tinha 33 anos, suas fotografias e vídeos registraram a brutalidade do genocídio, dos bombardeios, da fome, da destruição, as vítimas da crueldade do exército israelense. Ela tem um filho de 13 anos que está nos Emirados Árabes, a quem deixou uma mensagem:
“Ghaith, você é o coração e a alma de sua mãe. Quero que você reze por mim e não chore por mim, para que eu possa permanecer feliz. Eu quero que você levante alto minha cabeça, trabalhe duro, se destaque e seja capaz. Eu quero que você tenha sucesso, meu amor”.
“Eu costumava fazer tudo apenas para te fazer feliz, para te manter alegre e confortável, e para dar tudo para você. E quando você crescer, se casar e tiver uma filha, chame-a de Mariam em minha homenagem”.
“Você é meu amor, meu coração, meu apoio, minha alma e meu filho de quem me orgulho. Sempre ficarei feliz em ouvir sobre sua boa reputação. Deixo minha confiança com você, Ghaith: sua oração, depois da minha oração, meu querido.”
Se tornou uma prática comum em Gaza, escrever testamentos e cartas para os familiares diante dessa mortandade desumana em que se encontra imposta contra o povo da Palestina. Ninguém em Gaza tem certeza mais se sobreviverá para ver o dia seguinte.
A vice-presidente sênior da AP, Julie Pace, lamentou a morte da jornalista. “Ele estava trabalhando em circunstâncias incrivelmente difíceis para trazer histórias de Gaza para o mundo, cobrindo particularmente o impacto da guerra sobre as crianças,” disse. “Estamos devastados por sua morte e buscamos urgentemente mais esclarecimentos sobre o ataque.”
Dagga, já tinha alertado, em uma entrevista para a Eye on Palestine (De Olho na Palestina), que nenhum lugar em Gaza é seguro e pediu para a comunidade internacional por proteção para jornalistas e um fim desse genocídio.
“Todo lugar é perigoso, é atingido por ataques aéreos. Em cada casa há uma história. Em cada casa há um detido. Em cada casa há sofrimento,” disse.
Ela ganhou um prêmio da Associated Press pela sua cobertura da desnutrição de crianças em Gaza, pelo melhor trabalho feito. Israel está rapidamente matando Gaza de fome, bloqueando a entrada de caminhões com alimentos.
Em seu funeral, familiares e amigos colocaram uma flor vermelha ao lado de seu rosto. Ela perdeu sua casa durante a invasão e mesmo assim continuou a denunciar os crimes cometidos pelos israelenses.
O massacre de jornalistas perpetrado por Israel já é um dos maiores registrados. 246 jornalistas palestinos foram mortos, desde outubro de 2023, em ataques das forças de Israel que buscam a todo custo reprimir qualquer informação sobre o genocídio que está acontecendo na Faixa de Gaza.
Um massacre que contrasta com as mortes de jornalistas no conflito entre a Rússia e Ucrânia, aonde cerca de 18 jornalistas foram mortos desde o começo da guerra em fevereiro de 2014.