A jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, entrou com um processo contra Jair Bolsonaro pelos danos morais causados por suas ofensas de cunho sexual.
Também foram abertas ações cíveis contra Hans River do Nascimento, o ex-funcionário da Yacows, empresa de marketing digital, que mentiu dizendo que Patrícia queria “determinado tipo de matéria a troco de sexo”, e Allan dos Santos, apresentador do canal online Terça Livre.
No dia 18 de fevereiro, Bolsonaro ofendeu a repórter falando que ela tinha se insinuado sexualmente para conseguir informações contra ele. “Ela queria um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim”, disse.
A mentira foi contada pela primeira vez por Hans River, ex-funcionário da agência de disparos em massa, durante depoimento feito à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News.
A Folha de S. Paulo divulgou prints da conversa de Patrícia e Hans, que aconteceu durante a produção de uma reportagem sobre o disparo em massa de mensagens durante as eleições de 2018, que mostram que foi Hans quem fez um convite para um show – que foi ignorado pela jornalista.
No processo aberto contra Bolsonaro, a defesa de Patrícia argumenta que os danos sofridos “são gravíssimos, podendo ser facilmente constatados diante do assédio sem precedentes sofrido por ela após a manifestação do presidente”.
“No rastro dessa difusão de ofensas e mentiras, o presidente da República, em mais um ato em que desconsidera completamente a liturgia do cargo que ocupa, assumiu para si o discurso ofensivo, desrespeitoso e machista contra Patrícia na sua matinal entrevista em frente ao Palácio da Alvorada”, continua.
Os danos morais sofridos por Patrícia, “além de servirem como reparação pela ofensa à honra e dignidade da autora, também devem possuir um caráter punitivo pedagógico, com o intuito de desestimular a conduta indevida do réu e de terceiros, sabendo que terão de responder pelos danos causados”.
Na ação contra Hans, a defesa de Patrícia afirma que “o réu se vale de evidente injúria sexual, de cunho machista, na tentativa de desmerecer a autora, o que tem efeitos sociais graves para além dos danos individuais, e merece dura reprimenda”.
A ação contra o apresentador do canal online Terça Livre, Allan dos Santos, foi aberta porque este disse que os prints da conversa de Patrícia e Hans, que provam a farsa da história criada, foram forjados.
Em texto na Folha de S. Paulo, Patrícia expôs os ataques dos quais foi vítima da milícia digital bolsonarista após as declarações de Bolsonaro e do ex-funcionário da Yacows. E relatou as agressões às jornalistas mulheres.