A Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE) também se posicionou contra as sanções impostas a jornalistas e veículos de comunicação russos
O governo dos Estados Unidos impôs nesta quarta-feira (4) sanções contra a Sputnik e outras mídias para manter apenas a sua versão dos conflitos no mundo e na Ucrânia. Entidades de jornalismo no Brasil, entre elas a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), repudiaram ação de censura norte-americana.
Samira de Castro, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), disse que o movimento do governo norte-americano é um “atentado à liberdade de expressão e de imprensa mundial, sobretudo nesse contexto de alegar que as mídias russas têm interesse em intervir na eleição norte-americana”.
TODAS AS VOZES MERECEM SER OUVIDAS
“A Fenaj tem sempre acompanhado com preocupação essas posturas por compreender que todas as vozes merecem ser ouvidas, todos os veículos merecem reportar, independentemente da sua origem, para que a população tenha acesso a informações cada vez mais plurais e diversas”, complementou Castro ao site Sputnik.
Ela disse que a entidade sempre combaterá qualquer tipo de atitude que venha a tentar cercear o direito à informação. “Direito de acesso à informação dos cidadãos e o direito de reportar livremente dos veículos de comunicação e dos profissionais de mídia”, finalizou.
A Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira no Brasil (ACIE), por sua vez, também se posicionou contra as sanções impostas a jornalistas e veículos de comunicação russos, entre eles a Sputnik, associada à ACIE. Em nota publicada nesta quarta-feira (4), o grupo afirmou que a “imposição de sanções atenta contra a liberdade de imprensa e o livre exercício do jornalismo”.
No posicionamento, a entidade internacional também repudiou “toda e qualquer pressão a veículos de imprensa ou jornalistas de qualquer país com ideologias ou políticas distintas do que dos EUA, considerando tais ações como tentativa de censura ou controle da imprensa de uma maneira abrangente.”
SANÇÕES UNILATERAIS E ILEGAIS
De forma unilateral e sem nenhum amparo legal, os EUA decidem sancionar jornais pelo mundo afora. As sanções do governo americano têm como alvo o grupo de mídia russo Rossiya Segodnya e suas subsidiárias RIA Novosti, RT, TV-Novosti, Ruptly e Sputnik. A informação foi dada em comunicado emitido pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
“As sanções de hoje somam-se às ações de aplicação da lei tomadas pelo Departamento de Justiça, bem como à designação pelo Departamento de Estado do grupo de mídia Rossiya Segodnya e suas cinco subsidiárias – RIA Novosti, RT, TV-Novosti, Ruptly e Sputnik – como missões estrangeiras”, disse o comunicado. Ou seja, querem impor apenas a sua versão dos fatos para esconder crimes de guerra como os que estão sendo praticados em Gaza.
APENAS MONOPÓLIOS AMERICANOS
De maneira ridícula, o governo dos EUA acusa a Rússia de tentar interferir nas eleições presidenciais do país. Segundo o Ministério das Finanças dos EUA, as autoridades americanas estão adicionando os meios de comunicação citados à lista de agentes estrangeiros, tomando medidas para introduzir restrições de vistos e anunciando uma recompensa de até US$ 10 milhões (cerca de R$ 50 milhões) por informações sobre interferência estrangeira nas eleições dos EUA. Apenas os seus monopólios de mídia poderão “informar” os americanos sobre as guerras onde o país está metido.
O documento emitido pelo Tesouro dos EUA descreve a editora-chefe do grupo Rossiya Segodnya, Sarita Simonyan, como “uma figura central nos esforços do governo russo para exercer influência maligna” nas eleições americanas. “Benignas”, na opinião da Casa Branca, são apenas as “informações” disseminadas pela CIA e por outros “antros” americanos de desinformação.
Mais cedo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu às acusações de Washington, afirmando que o candidato escolhido pelo povo americano vencerá as eleições presidenciais dos EUA e que é função da Rússia não interferir e observar esse processo. Ademais, Moscou enfatizou repetidas vezes que a Rússia não interfere nos processos eleitorais dos EUA.