A Associação de Jornalistas do Chile rechaçou nesta quinta-feira as declarações do presidente Sebastián Piñera de que imagens com os carabineiros – a polícia – praticando “graves e sistemáticas violações aos direitos humanos não correspondem à realidade”.
Mesmo que “fartamente difundidas pela imprensa nacional e internacional”, denunciou a entidade, é “incompreensível que Piñera se atreva sequer a insinuar que elas foram gravadas fora do Chile”. E mais, que fariam parte de “uma campanha de montagem e desinformação” contra a violenta repressão desencadeada pelo seu governo, ainda “tendo conhecimento cabal dos informes fidedignos do Instituto Nacional de Direitos Humanos, do Alto Comissariado de Direitos Humanos e da Anistia Internacional”, entre outras organizações
“Como Associação de Jornalistas do Chile não podemos aceitar que as dramáticas evidências de milhares de detidos, torturados, mais de trezentas pessoas com a visão mutilada e a violenta repressão desatada nos últimos dias e, consequentemente, as pessoas que resultaram gravemente feridas, cujas imagens mostram a dramática realidade do nosso país, não sejam consideradas pelo presidente Piñera, violentando com sua atitude as milhares de famílias chilenas que sofrem hoje com estas inegáveis violações aos Direitos Humanos”.
Para os jornalistas chilenos, “negar as violações de direitos humanos ou insinuar sua inexistência é um ato em si mesmo de violência, de agressão às vítimas, a seus familiares e a toda sociedade que deve recuperar a fé no ser humano”.
Em reiteradas ocasiões, esclarecem os profissionais da imprensa, “temos assinalado que nos assiste um dever ético e moral, promover e respaldar todas aquelas iniciativas que nos permitam determinar com clareza que negar os crimes de lesa-humanidade por parte de líderes de opinião, de meios de comunicação, jornalistas, comunicadores, é um grave atentado à dignidade das pessoas que ainda sofrem as consequências de um dano irreparável”. “Se trata de dar sinais contundentes de humanidade, como país. É o que exigimos do presidente da República”, reiteram.