
No Rio, repórteres-fotográficos da Folha de S.Paulo e de O Globo também foram hostilizados e expulsos do caminhão de som do ato bolsonarista
Jornalistas foram ameaçados e expulsos da manifestação bolsonarista em Vilha Velha (ES), no domingo (1), quando Bolsonaro convocou atos para atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e defender o criminoso Daniel Silveira (PTB-RJ).
O repórter Alex Pandini e o cinegrafista José Jantorno, da TV Vitória/Record TV, estavam fazendo a cobertura do ato pró-governo Bolsonaro e começaram a gravar uma entrevista com uma mulher que segurava um cartaz pedindo intervenção militar.
Neste momento, outros manifestantes começaram a ameaçar os dois. O vereador Rômulo Lacerda (PTB) os acusou de fauma “cobertura parcial”.
“Aqui não tem retardado, não. Aqui não tem idiota, não”, gritou o vereador bolsonarista para o repórter Alex Pandini.
Nas redes sociais, Rômulo Lacerda publicou uma foto da manifestação falando de uma “festa da democracia”. No caminhão de som, o vereador falou que o povo quer “Deus, pátria, família e liberdade”. Outro homem que falava no caminhão de som atacou o trabalho da TV Vitória.
Os jornalistas tiveram que sair escoltados da manifestação, enquanto os presentes comemoravam a saída do profissional. Nos vídeos, é possível ouvir uma pessoa gritando “fora, comunista”.
Veja:
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afirmou que “a liberdade de imprensa faz parte do Estado Democrático de Direito e está garantida em nossa Constituição”.
Casagrande chamou o episódio de “lamentável” e falou que “não podemos aceitar” manifestações feitas “para destilar ódio”, continuou.
A Federação Nacional dos Jornalistas rechaçou a violência dos manifestantes e disse que “agredir jornalista é agredir a democracia. Chega de fakes. Basta de violência!”.
“Os profissionais precisam ser respeitados e não cerceados ou ameaçados. Quem perde com esse tipo de atitude é a sociedade que deixa de ser informada”.
Nota da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas do Espírito Santo:
“O trabalho do jornalismo é apurar e relatar os fatos, o que tanto incomoda aos que utilizam de mentiras para se promoverem politicamente.
Os profissionais precisam ser respeitados e não cerceados ou ameaçados. Quem perde com esse tipo de atitude é a sociedade que deixa de ser informada.
O Sindicato dos Jornalistas também orienta aos profissionais que não se arrisquem neste tipo de cobertura. Cabe às empresas de comunicação garantir a segurança de seus jornalistas, não colocando em risco a vida dos profissionais, e aos órgãos de segurança pública proteger os trabalhadores e a comunidade.
Reforçamos que estamos à disposição dos jornalistas e encaminharemos denúncias dos fatos aos organismos competentes.
Agredir jornalista é agredir a democracia. Chega de fakes. Basta de violência!“.
RIO
Um repórter-fotográfico do jornal Folha de S. Paulo e um do jornal O Globo foram expulsos de um dos caminhões pelos organizadores com medo que eles registrassem o fiasco da manifestação.
Os responsáveis pediram que eles descessem e, em seguida, falaram ao microfone que ambos “só queriam mentir” sobre o teor e o tamanho do protesto.
JORNALISTA FOI AGREDIDA EM SANTOS
Em Santos, a diretora do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Solange Santana, foi agredida por um homem enquanto fazia a convocação para o ato do Dia do Trabalhador convocado pelos sindicatos em defesa da democracia e contra a política de crise de Bolsonaro.
O homem deu uma rasteira na jornalista, que quase bateu a cabeça no chão. “Nós estávamos em frente a um supermercado, no Jardim Rádio Clube, Zona Noroeste, distribuindo material, falando das questões do país. Uma pessoa chegou perto de uma companheira nossa, professora veterana, e começou a ofendê-la, chamando de ‘vagabunda’ e ‘bandida’”, contou Solange.
“Não satisfeito, essa pessoa veio na nossa direção, querendo nitidamente provocar, me provocando diretamente. Eu estava com o celular na mão, por questão de segurança. Nas manifestações eu deixo na mão, para esse tipo de coisa mesmo. Truculento, ele me ameaçou. Esperou eu me virar para ter a condição de passar uma rasteira em mim. Caí no chão e quase bati com a cabeça”, continuou.
As pessoas que estavam próximas do caso foram para cima do agressor, mas para evitar maiores problemas a Polícia foi chamada. Devido à agressão, Solange ficou com ferimentos no braço e na perna.
“É um crime o que ele fez. Temos que buscar a punição para quem age dessa maneira. Foi isso que fizemos. Fomos à delegacia com os companheiros, fiz o boletim de ocorrência”, afirmou a sindicalista.
“Estamos na véspera do 1º de Maio e fizemos uma atividade organizada pela CUT-Baixada Santista para falar da luta por direitos, pela democracia, pelo ‘Fora Bolsonaro’, por todo esse estado de coisas que estamos vivendo atualmente no país, com agressões contra jornalistas, inclusive, promovidas pelo discurso de ódio do Bolsonaro”
Solange Santana falou que “nós não podemos aceitar esse tipo de coisa, a tentativa de inibir os movimentos sociais de irem para as ruas. É isso que não podemos deixar acontecer”.
“Temos que continuar a ir para a rua. Nós vamos continuar falando o que está acontecendo no país até vencermos esta página terrível da nossa história”.