Material de apoio ao debate realizado no encontro denominado “Sul Global Nova Era Nova Missão” – que reuniu 350 representantes de 170 organizações de mídia e pesquisa de 70 países – repudiam “países imperialistas” por seu “apego à hegemonia, política de poder, mentalidade de Guerra Fria, assédio e pilhagem de outros países membros da comunidade mundial” e conclamam nações do hemistério sul à cooperação no desenvolvimento compartilhado para vencer as desiguladades impostas pela devastação imperialista
Convocada pelo Departamento de Comunicação do Conselho de Estado da China e organizada em conjunto com a Agência de Notícias Xinhua e pela Empresa Brasil de Comunicação, a Cúpula de Mídia e Think Tanks [Grupos de Reflexão] do Sul Global, foi marcada pelo repúdio à predação colonial, seguida pelo “hegemonismo imperialista” e o chamado à concentração em favor de uma nova era com o despertar do Sul Global.
Com a presença de 350 representantes de 170 organizações de mídia e de grupos de reflexão de 70 países o evento realizado nos dias 11 e 12 em São Paulo, foi distribuído para discussão um relatório escrito pelo Instituto de História e Literatura do Comitê Central do Partido Comunista da China em conjunto com o Instituto de Pesquisa Nova China, denominado “Um Novo Modelo para o Avanço Humano e seu Significado Global.
O relatório destaca as palavras do ex-presidente da Guiana, Donald Ramotar, no repúdio a ação predatória dos países que adotam a postura imperialista (dos EUA e diversos da Europa): “O objetivo principal dos países imperialistas quanto aos países em desenvolvimento é mantê-los pobres e dependentes. Desta forma, suas riquezas são facilmente exploradas. Toda a intenção é manter estes países como fonte de matéria-prima e de mão-de-obra barata”.
“Em outras palavras, os países imperialistas buscam manter os países do Sul Global pobres e destituídos de poder como presas fáceis a explorar para enriquecer a si próprios”.
SUL GLOBAL UNIDO VERSUS DEVASTAÇÃO IMPERIALISTA
O relatório distribuído pelo PCCh sintetiza os elementos da ação colonial seguida da atual fase de predomínio imperialista: “Alguns países disfarçam seu apego à hegemonia, a uma política de poder absoluto, aderem mentalidade de Guerra Fria, mantêm o assédio e a pilhagem de outros membros da comunidade mundial”.
“Tais países”, prossegue o relatório, “provocam, deliberadamente, conflitos nos terrenos da política, segurança, economia, tecnologia e outros domínios e não se detêm em empurrar governos aliados na sua tentativa de lançar a competição em favor das superpotências, promovendo guerras e conflitos geopolíticos levando aos povos de outros países ao abismo e à dor causados por tais conflitos, tudo isso para pescar benefícios próprios”.
Diante disso, o material distribuído aos jornalistas da Ásia, África e América Latina conclama: “A distância não pode separar os verdadeiros amigos que se sentem próximos mesmo quando estão a quilômetros. Vamos trabalhar juntos para promover intercâmbios e cooperações entre organizações de mídia e grupos de reflexão no Sul Global e reunir nossa sabedoria e força para o crescimento contínuo e compartilhado”.
O presidente Lula enviou mensagem de felicitações à Cúpula do Sul Global destacando que o “Sul Global está se fortalecendo e se transformando em uma força indispensável e construtiva na comunidade internacional”.
O presidente chinês Xi Jinping também felicitou os organizadores do evento enfatizando que atualmente, o Sul Global está crescendo com um forte impulso e desempenhando um papel cada vez mais significativo na causa do progresso humano.
“A China está disposta a trabalhar com outros países do Sul Global na prática do verdadeiro multilateralismo, na defesa de um mundo multipolar equitativo e ordenado e uma globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva, e na promoção conjunta da construção de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, disse ele.
Na sua mensagem, Xi Jinping acrescentou esperar que os participantes contribuíssem com sabedoria para promover a transformação do Sul Global em uma força estabilizadora para a paz, uma força fundamental do desenvolvimento aberto, uma força construtiva na governança global e uma força promotora do aprendizado mútuo entre civilizações.
O Departamento de Notícias Internacionais da Agência de Notícias Xinhua contribuiu com estudo distribuído entre os participantes denominado O Despertar do Sul Global.
O livro trabalha com a experiência de luta de libertação anticolonial vivida pelos povos com foco nas experiências da Bolívia, Honduras, Egito, Indonésia, Quênia, Ruanda e Iraque.
MARX DENUNCIA A DEVASTAÇÃO E LÊNIN DESCREVE A RESISTÊNCIA AO JUGO COLONIAL
O livro distribuído na Cúpula se apoia em trecho da obra de Karl Marx, O Capital, para denunciar a devastação perpetrada pela colonização holandesa contra o povo da Indonésia.
Marx relata que “a história da administração colonial da Holanda é uma das relações mais extraordinárias de traição, suborno, massacre e mesquinhez. Onde quer que pusessem os pés, seguiam-se a devastação e o despovoamento. Banjuwanji, uma província de Java, em 1750 tinha mais de 80 mil habitantes, em 1811 apenas 18 mil”.
O texto da Xinhua segue, trazendo o testemunho de Lênin de 1913 em seu artigo “O Despertar da Ásia para ressaltar a forma que a luta anticolonial tomou corpo. “Um desenvolvimento significativo é a disseminação do movimento democrático revolucionário para as Índias Orientais Holandesas, para Java e outras colônias holandesas, com uma população de cerca de 40 milhões…O antigo depotismo e tirania do governo holandês agora encontram resistência e protesto resoluto das massas da população nativa”, diz o líder revolucionário russo.
O ESPÍRITO DE BANDUNG
Fruto de sua experiência na luta de libertação nacional da Indonésia, seu primeiro presidente, Sukarno, fez de seu país o anfitrião da histórica Conferência Asiático-Africana, também conhecida Conferência de Bandung, reunindo delegações de 29 países.
Ao abrir o encontro, Sukarno proclamou que “onde quer que seja, quando quer que seja e como quer que seja, o colonialismo é uma coisa má e deve ser erradicado da Terra”.
A Conferência Bandung desembocou na formação do Movimento dos Países Não Alinhados que visava uma ação coordenada entre os governos dos países que se libertavam do jugo colonial. Agora, como destaca o texto da Xinhua, “quase sete décadas após a Conferência, o espírito de Bandung continua, inspirando os países do Sul Global a embarcar em um novo caminho de desenvolvimento comum por meio da cooperação ganha-ganha no âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota e outras plataformas”.
Ao livro, a Xinhua acompanhou uma série de documentários também intitulada “O Despertar do Sul Global” do qual destacamos três. O primeiro deles é “O Espírito de Bandung e sua Vitalidade”:
Documentário relata a luta comandada pelo líder egípcio, Gamal Abdel Nasser, para conquistar a sobernia do Egito com a nacionalização do Canal de Suez, que para efetivar teve que mostrar uma enorme determinação e contar com o apoio mundial ao enfrentar uma invasão conjunta da Inglaterra, França e Israel que tentaram ocupar o canal e foram derrotados:
A pilhagem colonial nas minas de parta da boliviana Potosí é retratada no documentário “Potosí desperta de seu trágico passado”. No filme, a Bolívia, que aprendeu a lição da pilhagem colonial de sua prata, agora defende a transformação das suas reservas de lítio, que são as maiores do mundo, em fonte de prosperidade para o país, através do presidente Luis Arce, que contesta as alegações da chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, Laura Richardson que investira contra o esforço de unir os países latino-americanos possuidores de minas de lítio para estabelecer preços benéficos a suas economias: “Devemos estar unidos no mercado, de forma soberna, com preços que beneficiem nossas economias: