
Durante a conferência “Vozes do Novo Mundo”, mais de 150 profissionais de 50 países criaram a articulação, que se pronunciou contra o genocídio em Gaza e a manipulação dos grandes conglomerados midiáticos em favor do imperialismo e do sionismo
FRANCISCO BALSINHA *
Mais de 150 jornalistas e ativistas de cerca de 50 países fundaram nesta quarta-feira (30), em Caracas, na Venezuela, a “Aliança para a Comunicação do Sul Global”.
O evento teve início pela manhã no Teatro Teresa Carreño com uma conferência intitulada “Vozes do Novo Mundo’ e contou com uma intervenção da organização sobre o genocídio em Gaza, seguida de um minuto de silêncio em memória das vítimas da barbárie sionista.
Presentes na parte inicial da conferência, Ivan Gil, chanceler da República Bolivariana da Venezuela e Freddy Ñañez, vice-presidente da organização de Comunicação, Cultura e Turismo do Estado bolivariano, tomaram a palavra para anunciar os desafios da comunicação do Sul Global na atualidade, bem como temas ligados à censura midiática praticada no Ocidente em contraposição à apregoada liberdade de expressão.
Fizeram uso da palavra os jornalistas Daria Yuryeva, da Sputnik (Rússia), Pascual Serrano (Espanha), Christopher Helali (Estados Unidos) e Mikhail Zvinchuk (Rússia), que abordaram o tema “Jornalismo de pé em frente à ditadura do algoritmo”.
Representando o Oriente Médio falaram Mohammad Faraj, do Al Mayadeen (Líbano), Hussam Zeidan (Palestina) e Vahidi Mohammadreza, da Televisão do Irã, que abordaram o tema “Meios e Comunicadores: Objetivo Militar”.
No painel “Mãe África. Visão Própria e Descolonial”, interviram Amr Eldiib (Egito), Shadrak Hollow (África do Sul), Peter Denk (Namíbia) e Hassane Diombele (Mali).
O último painel de jornalistas foi o da América Latina e do Caribe, sob o tema “A Verdade que não espera”, com abordagens de Meme Yamel (México), Gustavo Villapol (Venezuela) e Alexandre Barbosa (Brasil).
Participaram ainda do evento, por videoconferência, Maria Zakharova, diretora de Informação e Imprensa do Ministério de Relações Exteriores da Rússia e Jiang Yan, diretor da agência chinesa de notícias Xinhua.
A nota dominante dos discursos foi a condenação da política imperialista dos EUA e dos seus aliados no âmbito da informação e da contra-informação, com a produção constante de notícias falsas com as quais intoxicam os povos.
Outra questão abrangente foi a interferência das Fake News ocidentais na parte cognitiva da sociedade.
Foi salientada a importância de todos os jornalistas que se contrapõem à política do império trabalharem para furarem a bolha dos algoritmos e promoverem a difusão da verdade para todo o Sul Global. Para isso, cada um necessita ter consciência do seu papel na sociedade e estar disposto a travar essa batalha destacada como essencial para a formação do novo mundo multicêntrico.
Notas especiais dos trabalhos decorridos até este momento foram para o jornalista Hussam Zeidan, da Palestina, recebido de pé por todos os presentes que entoavam palavras de ordem de apoio ao heróico povo da Palestina ocupada. Foi em ambiente de grande emoção que Zeidan abordou o genocídio e o infanticídio que está sendo praticado pelo regime sionista em Gaza.
A jornalista iraniana Vahidi Mohammadreza, que recentemente viu ser embombardeadas as instalações da Televisão do seu país enquanto apresentava um serviço de notícias foi recebida com forte emoção. Vahidi testemunhou que esse covarde ataque sionista provocou mortos e feridos entre os seus colegas e de que, por patriotismo, assim que possível, voltou a difundir notícias para manter o povo iraniano informado. A sala em uníssono proferiu palavras de ordem em apoio à República Islâmica do Irã e à própria jornalista, do mesmo modo que condenou a ação imperialista e sionista em relação a este país.
Mais tarde, Vahidi Mohammadreza foi entrevistada, dedicada a responder as perguntas dos seus colegas, demonstrando sempre nas respostas o seu profissionalismo e patriotismo.
Na conclusão desta conferência foi aprovado um documento, lido pelo jornalista norte-americano Christopher Helali, apelando a uma “Aliança de Jornalistas para a Comunicação do Sul Global”, que congregue todos os profissionais da comunicação e ativistas de mídia com o objetivo comum de propagar a verdade aos povos e a se constituirem como referência informativa.
A intervenção de encerramento esteve a cabo de Jorge Rodriguez, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular da Venezuela, que se referiu à ditadura da informação proveniente das centrais americanas e difundida mundialmente. Jorge Rodriguez ressaltou a importância de se trabalhar com empenho para desmontar essa política desinformativa. O parlamentar também lembrou aos presentes a perseguição política, econômica – corporizada nas sanções e no congelamento de ativos no estrangeiro – e cultural que a Venezuela tem sofrido dos EUA, mencionando a seguir as vitórias que o povo venezuelano tem alcançado sob a direção do presidente Nicolás Maduro e do seu governo.
* Membro da Associação de Jornalistas do BRICs e da Aliança de Jornalistas para a Comunicação do Sul Glocal. Editor do site www.noticiasindependentes.info