Dezenas de jornalistas que faziam cobertura do Pentágono recusaram se submeter às restrições impostas pelo governo Trump e entregaram seus crachás de acesso ao prédio.
Nesta quarta-feira, 15, os jornalistas que faziam a cobertura de imprensa no Pentágono entregaram seus passes de acesso ao edifício em protesto depois que o Departamento de Defesa americano, sob o comando de Pete Hegseth, ordenou que assinassem um termo com novas regras para credenciamento que, de acordo com veículos da mídia americana, enviam “uma mensagem de intimidação” contra jornalistas e membros do Departamento de Defesa que queiram conversar sem a autorização prévia do gabinete de Hegseth.
O novo credenciamento ameaça com declarar “risco à segurança nacional” os jornalistas que venham a publicar informação sem a aprovação do governo federal.
“Limitar a capacidade da mídia de informar sobre as forças armadas dos EUA não honra as famílias americanas que confiaram seus filhos e filhas para servir nelas, ou os contribuintes responsáveis por dar ao departamento centenas de bilhões de dólares por ano”, comunicou a Associação de Imprensa do Pentágono.
Somente um meio de comunicação aceitou os termos da Casa Branca, o canal americano conservador, pró-Trump, One America News, que declarou publicamente concordar com as novas regras. Mesmo outros meios alinhados com Trump, como a Fox News se recusaram a se submeter.
“O governo vem desencorajando a investigação no Pentágono há meses: praticamente zero coletivas de imprensa e reuniões, e muita comunicação unidirecional com o público por meio das mídias sociais”, disse Tony Bertuca, editor-chefe para o Pentágono da Inside Defense.
Cerca de 30 organizações de jornalismo se recusaram a assinar a nova política para credenciamento de imprensa apontando a ameaça que isso representa para a liberdade de imprensa e a publicação independente de notícias.
“A ironia da ironia é que os repórteres do Pentágono não estão conversando sobre informações confidenciais nos corredores”, disse um membro da Associação de Imprensa do Pentágono para a Reuters, sob condição de anonimato. “Estamos fazendo isso pelo Signal (o aplicativo criptografado)”.