![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2021/10/Anibal2.jpg)
Mil dias de Bolsonaro levaram o país ao “desemprego, fome e crise”, diz o senador do PSDB. “O Brasil travou, a economia virou um desastre”, afirma Aníbal, que enviará uma mensagem ao ato Fora Bolsonaro deste sábado
O senador José Aníbal (PSDB-SP) afirmou ao HP que o saldo dos 1.000 dias de governo Bolsonaro é “desemprego, fome e crise” e que a saída é a união de todos os que defendem a democracia pelo Fora Bolsonaro.
O governo está sendo “um desastre, um governo que não tem eira e nem beira. O Brasil travou, a economia virou um desastre”.
Aníbal acredita que os partidos e lideranças devem construir um movimento semelhante ao das Diretas Já, que foi um “movimento extraordinário”. “Estamos com um desafio comum, semelhante ao que tivemos em outros momentos e soubemos enfrentar”.
“Os nossos inimigos não somos nós mesmos, os brasileiros não são inimigos uns dos outros. O nosso adversário é esse governo. O que não dá é para continuar desse jeito que está”, disse o senador, em entrevista à Hora do Povo.
O senador e economista, que está com Covid-19, confirmou que vai enviar um vídeo para ser transmitido na próxima manifestação pelo Fora Bolsonaro, que acontecerá no sábado (2), na Avenida Paulista. Para ele, o ato deve ter como bandeira única o Fora Bolsonaro.
“O Fora Bolsonaro agrega de A a Z” e é capaz de reforçar a luta pelo impeachment, disse.
“O melhor é darmos uma abrangência ao nosso ato. Vamos deixar de lado as caixinhas de esquerda, centro, direita. Muita gente que há seis meses achava que isso era um exagero já não acha mais, agora concorda com o Fora Bolsonaro”, avaliou.
Todas as pesquisas mostram que a avaliação do governo Bolsonaro tem se tornado cada vez mais negativa. De acordo com o Datafolha, 53% avaliam o governo como ruim ou péssimo, 24% como regular e apenas 22% como bom ou ótimo. A pesquisa também registrou que 56% dos brasileiros são a favor da abertura do processo de impeachment.
José Aníbal disse que está “com muita confiança de que essas manifestações conseguirão sensibilizar para além das caixinhas” e que “todos os parlamentares deveriam estar presentes”.
MOBILIZAÇÕES IMPEDIRAM GOLPE
O senador José Aníbal comentou que as ameaças de golpe feitas por Jair Bolsonaro não se concretizaram porque a resposta foi rápida e contundente.
“As manifestações que questionavam a postura dele, tanto por parte das instituições como o Congresso e o STF, ou dos mais diversos setores da sociedade, como empresários e banqueiros que assinaram manifestos, deixaram claro que não iríamos concordar com um golpe”, disse.
As Forças Armadas também mostraram que só seguem as ordens da Presidência da República que forem constitucionais e democráticas, acrescentou.
Para o senador, as ameaças golpistas prejudicam a economia e o país. “Na semana do 7 de setembro o Brasil ficou em suspenso por conta do estresse. Bolsonaro tem agravado a crise com declarações estúpidas”.
É necessário “manter o governo sob controle, sobretudo esse presidente”, completou.
GOVERNO ATUOU DE FORMA GENOCIDA
“Esse governo foi um desastre. Realmente merece a caracterização de genocida, porque não fez o que devia ter sido feito e, ao contrário, estimulou o que não devia ser feito”, pontuou o senador.
José Aníbal avalia que Jair Bolsonaro “assumiu um compromisso com o erro, um erro criminoso. Foi uma ‘gripezinha que ia passar logo’, apostou na imunidade de rebanho”.
“A atitude do Bolsonaro induzia a uma posição de absoluta irresponsabilidade. Foi um desastre. Ele não tem nenhum afeto, nenhum sinal de solidariedade, de compaixão”.
“São 600 mil pessoas mortas, é muita gente. Essa estatística trágica tem um componente bolsonarista alto, dele e de seu círculo íntimo. Ele até hoje faz guerra com o ‘fique em casa’!”, continuou.
“Essa atitude ignorante contribuiu muito para que milhares de brasileiros morressem. Esse desdém com relação à proteção sugerida pelos médicos e cientistas, como lavar as mãos, usar máscara, ter distanciamento, sobretudo tomar a vacina”.
Até hoje Jair Bolsonaro não se vacinou.
Aníbal reconhece que a CPI da Pandemia está prestando “um grande serviço” ao país por mostrar “como as coisas evoluíram e se conectaram”, como no negacionismo, no atraso na compra de vacinas e na corrupção.
O senador comentou que o caso de Manaus, onde o Ministério da Saúde deixou as pessoas morrerem asfixiadas por falta de oxigênio porque estava focado em fazer propaganda da cloroquina.
“As pessoas morrendo e eles querendo usar cloroquina. É um crime usar as pessoas como um teste”, afirmou.
O ministro Marcelo Queiroga, que assumiu depois da saída do Eduardo Pazuello, “entrou tentando se equilibrar, mas com o passar dos dias ele virou um militante do Bolsonaro, um cabo eleitoral, não é mais ministro da Saúde”, comentou.
Queiroga tentou paralisar a vacinação em adolescentes, admitiu fazer pesquisas para anular a obrigatoriedade do uso de máscaras e nunca contrariou as declarações negacionistas de Jair Bolsonaro. Em Nova Iorque, Queiroga mostrou o dedo do meio para manifestantes contrários a Bolsonaro.
No dia 25 de setembro, José Aníbal, que tem 74 anos, descobriu que foi infectado pelo coronavírus. Ele relata que não está com nenhum sintoma grave e credita isso ao fato de que ele já tomou as duas doses da vacina contra o coronavírus.
“Graças às duas vacinas eu estou nessa situação. A minha terceira dose estava marcada para essa semana. Eu quero falar no Plenário do Senado sobre o fato de eu ter pego Covid e a importância de eu ter tomado vacina”, disse.
PEDRO BIANCO