“Todos estão desesperados e não sabem o que fazer para deixar o local. Os israelenses vão atacar. Eu não quero morrer!”, disse ela do interior de uma escola em Gaza
A brasileira Shahed Al Banna, de 18 anos, que está em Gaza, gravou um vídeo dramático pedindo socorro por causa dos bombardeios de Israel sobre a população civil da região. Shahed chorou ao relatar a situação do local onde está. “Todos estão desesperados e não sabem o que fazer para deixar o local. Os israelenses vão atacar Eu não quero morrer!”, disse ela.
“A situação está desesperadora, está difícil. As crianças estão chorando. Eu estou em uma escola. Essa escola é um lugar que já foi atacado muitas vezes ontem, antes de ontem. Não é um lugar seguro, zero segurança. Agora a gente vai ter que sair do lugar”, disse. A ditadura israelense deu um ultimato nesta sexta-feira (13) a moradores da Cidade de Gaza e arredores para que deixem suas casas em direção ao sul da região em até 24 horas.
“A irmã da igreja disse que a escola não é mais um lugar seguro. Não podemos mais ficar aqui, os israelenses vão atacar todos os lugares”, acrescentou a fala dramática de Shahed. Segundo a ONU, o comunicado de Israel foi enviado pouco antes da meia-noite no horário local. Assim, as 24 horas serão completadas às 18 horas desta sexta-feira (13), no horário de Brasília.
“Quando eu falei com o embaixador, ele disse que tem dois ônibus para nos levar para o Sul, que é onde os israelenses mandaram o povo daqui ir, e todo mundo está indo para lá. O caminho para lá é muito perigoso, eles estão jogando bombas nas pessoas. A nossa vida, se a gente for nesses ônibus, não é garantida”, explicou.
“Eles mandaram o povo de Gaza sair. Todos os brasileiros aqui estão desesperados, não sabemos para onde ir. Temos que ir para o Sul, mas não sabemos quem vai nos receber. Não temos o que fazer, não sei”, continuou a brasileira. A jovem disse estar “com medo de morrer” e que está junto a familiares e a outros brasileiros.
Ela disse que o aviso do governo de Israel é que todos teriam que deixar alimentos para trás. A situação a deixou desesperada. “Eles estão esperando autorização há quatro dias. Estou há seis dias sem dormir. Estou tonta, já não sei mais o que pensar, já não sei o que fazer”, disse a jovem. Enquanto Shahed falava com a Globo News, fortes estrondos foram ouvidos. Ela relatou que a escola onde estão foi atacada mais de uma vez.
Uma criança brasileira, de cerca de dez anos, também fez uma apelo da escola onde ela está por socorro contra os bombardeios. Cerca de 6.000 bombas pesando até 4.000 toneladas foram lançadas na Faixa de Gaza por Israel desde o início dos combates, de acordo com o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), Daniel Hagari.
O Conselho de Segurança da ONU realiza uma reunião de emergência nesta sexta-feira (13) e o governo brasileiro, que preside o Conselho, quer a abertura de um corredor humanitário para que as pessoas possam deixar Gaza. A Organização Mundial da Saúde (OMS) apelou às autoridades israelenses, alertando que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma “sentença de morte”.
A única igreja católica que atende à pequena comunidade cristã que vive em Gaza se tornou um abrigo — desta vez não para quem procura conforto espiritual, mas para mais de 500 pessoas de diferentes religiões cujas casas foram destruídas. “Nossa paróquia virou um campo de refugiados”, disse à BBC o padre argentino Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família, a única igreja católica na cidade de Gaza e na Faixa de Gaza. Romanelli está atualmente em Belém, na Cisjordânia, tentando voltar para Gaza.