O juiz Claudio Bonadio ordenou, na segunda-feira, 17, o indiciamento e a prisão preventiva da ex-presidente e atual senadora Cristina Kirchner por supostamente encabeçar um esquema de suborno de empresários em troca da adjudicação de obras públicas que ficou conhecido como “Cadernos da corrupção” .
A acusação diz que Cristina está implicada em “associação ilícita em qualidade de chefe, admissão de dádivas em 22 fatos… e suborno passivo em cinco fatos” entre 2003 e 2015, período que inclui seus dois mandatos e o de seu marido e antecessor Néstor Kirchner. O juiz ainda lhe impôs um embargo de 4 bilhões de pesos (equivalentes a quase 100 milhões de dólares). A prisão preventiva não pode se efetivar em virtude de que a ex-presidente possui foro privilegiado como senadora. Bonadio solicitou novamente que a ex-presidente perca a a imunidade parlamentar.
“O juiz ditou os processamentos em meio de uma resolução de mais de 550 folhas. Nelas, se assinalou que existiu um sistema de ‘arrecadação ilegal’ entre funcionários e empresários ‘com a finalidade de enriquecer-se e utilizar esses fundos para outros fins’ e expressou que o sistema de arrecadação ilegal funcionou através da obra pública, as concessões viárias e o transporte”, informou o jornal Página 12.
O magistrado também ordenou o processamento do ex ministro de Planejamento Federal, Julio de Vido, e outros ex funcionários desse ministério, assim como de vários empresários da construção, entre eles Angelo Calcaterra, primo do atual presidente Mauricio Macri.
A suposta rede de propinas veio à tona após uma reportagem do jornal argentino “La Nación”, divulgando que o motorista Oscar Centeno, do Ministério do Planejamento, detalhou o trajeto do dinheiro lavado em oito cadernos escolares. A imprensa batizou o caso como “Cadernos da Corrupção”. Os cadernos são manuscritos e deles só restaram fotocópias. “É verdade que as fotocópias dos cadernos são um indício. Mas é estranho que não tenham conseguido achar os originais, sendo que os acusadores dizem que detêm o material há meses. Seria de grande importância encontrar os cadernos para avaliá-los. O chofer diz que os queimou, mas não há porque acreditar nele”, publicou ainda o jornal Página 12 em artigo assinado por Irina Hauser e Raúl Kollmann.