A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) manifestou em nota seu repúdio às declarações golpistas do filho de Bolsonaro.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse no programa da jornalista Leda Nagle, no Youtube, que se acontecessem no país manifestações iguais às do Chile, a resposta do governo será “via um novo AI-5”.
O Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi editado em 13 de dezembro de 1968, no governo de Costa e Silva, e levou ao aumento da repressão da ditadura contra o povo brasileiro, com morte, torturas e desaparecimentos de quem lutava pela volta da democracia.
Em discurso na Câmara, Eduardo Bolsonaro já tinha feito uma fala semelhante recentemente. “Se vier para cá, vai ter que ser ver com a polícia. E se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir. Aí que eu quero ver como a banda vai tocar”, disse o novo líder do PSL na Câmara. Ver Filho de Bolsonaro elogia Pinochet e ameaça o povo brasileiro “com a polícia”
Com a alta repercussão negativa de suas declarações, Eduardo Bolsonaro “recuou” e agora encena um pedido de “desculpas”.
“A Ajufe repudia qualquer afronta à democracia, pugnando pela estabilidade política e bom senso das instituições e de seus interlocutores”, diz a nota da Ajufe.
Leia a nota na íntegra:
“A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vem a público manifestar profunda preocupação com as recentes declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro, em que anuncia que um novo AI-5 poderia ser a resposta, caso a “esquerda radicalizasse”.
Um novo AI-5 representaria uma grave afronta à democracia e à Constituição Federal, por promover cassações de mandatos, suspensão de direitos políticos, demissões e perseguições, fechamento do Congresso Nacional e intervenção nos Estados e Municípios.
Por isso, é inaceitável que um parlamentar federal defenda a possibilidade de qualquer instrumento que coloque em risco a ordem democrática.
A Ajufe repudia qualquer afronta à democracia, pugnando pela estabilidade política e bom senso das instituições e de seus interlocutores.
Brasília, 31 de outubro de 2019.
DIRETORIA DA AJUFE”