A ex-deputada estadual Juliana Brizola (PDT) reagiu publicamente ao seu indiciamento pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que a acusa de ter se apropriado de valores pertencentes à sua avó materna, Dóris Daudt, de 99 anos. Em nota e declarações oficiais, Juliana classificou o caso como uma tentativa de destruição de reputação com motivação política e familiar, e apresentou documentos que, segundo ela, comprovam a inexistência de qualquer irregularidade.
O episódio surge no momento em que Brizola desponta como um dos principais nomes progressistas para a disputa do governo gaúcho em 2026. A deputada afirma ser vítima de uma ofensiva movida por interesses pessoais e políticos, articulada a partir de uma disputa familiar antiga, e potencializada por setores que tentam impedir sua ascensão eleitoral.
Segundo o inquérito, o caso teve início após o tio da deputada, Alfredo Daudt Júnior, assumir temporariamente a curatela da mãe no início deste ano e alegar supostos descuidos de Juliana com a idosa. A assessoria da parlamentar contesta essa narrativa e lembra que ele permaneceu no cargo por apenas dois dias, até que a Justiça devolveu a curatela à própria Juliana, reconhecendo sua dedicação constante à avó.
Em nota, a defesa da deputada, conduzida pelo escritório Aury Lopes Jr Advogados, afirmou “lamentar profundamente a divulgação da investigação” e declarou discordância total das conclusões apresentadas pela autoridade policial, destacando que Juliana colaborou integralmente com a apuração, apresentando todos os esclarecimentos solicitados.
A defesa reforça que não há qualquer crime configurado. Segundo os advogados, “os fatos foram apresentados de maneira distorcida e serão devidamente esclarecidos no juízo cível, esfera competente para a discussão, pois o que existe, na realidade, é uma divergência familiar, consubstanciada em pedido de prestação de contas formulado por familiar insatisfeito”.
Juliana e sua avó mantêm uma conta conjunta desde 2018, aberta ainda durante o mandato parlamentar, com movimentações mistas de receitas e despesas de ambas — algo que, segundo a defesa, “jamais configurou apropriação indevida de bens, pensão ou rendimentos”.
Em pronunciamento, Juliana reafirmou o vínculo de afeto e responsabilidade com Dóris Daudt:
“Dedico amor e cuidado à minha avó Dóris Daudt a vida toda. Há 20 anos, sou responsável por todo seu suporte. O processo que está sendo exposto pela mídia neste momento é movido por um filho que a abandonou há décadas e agora busca obter benefício financeiro de uma senhora de 99 anos.”
Ela destacou que é a única familiar que vive em Porto Alegre, onde acompanha de perto a rotina e os cuidados da idosa. “Desde jovem, mantemos uma relação profundamente afetiva e materna. Fui criada por ela e, hoje, retribuo com cuidado, presença e responsabilidade todo o carinho que sempre recebi.”
MANOBRA DE DESGASTE PÚBLICO
Juliana, por sua vez, considera o vazamento do inquérito uma manobra de desgaste público. “Lamento o vazamento de documentação contendo informações tão íntimas da nossa vida e o possível uso político disso”, declarou, apontando que o caso foi amplificado nas redes sociais com teorias conspiratórias e ataques coordenados, numa tentativa de associar sua imagem a práticas ilícitas.
A pré-candidatura dela ao governo estadual é considerada um dos movimentos mais ousados do PDT no estado desde a era de seu avô, Leonel Brizola, e incomoda adversários políticos de diferentes espectros.
A defesa da deputada afirma confiar plenamente na Justiça e reforça que o caso “será integralmente esclarecido na esfera competente”. Brizola, por sua vez, mantém o tom firme: “O que está em jogo não é apenas minha honra pessoal, mas o direito de uma mulher ocupar espaço de poder sem ser destruída por mentiras e disputas familiares usadas como arma política.”
Confira na íntegra o posicionamento de Juliana Brizola
Dedico amor e cuidado à minha avó Dóris Daudt a vida toda. Há 20 anos, sou responsável por todo seu suporte. O processo que está sendo exposto pela mídia neste momento é movido por um filho que a abandonou há décadas e agora busca obter benefício financeiro de uma senhora de 99 anos.
Desde 2018, quando ainda exercia o mandato de deputada, eu e minha avó mantemos uma conta conjunta – muito antes de qualquer limitação de saúde. Nessa conta, há rendimentos e despesas de ambas, como é natural entre pessoas que compartilham uma conta bancária.
Sou a única familiar que vive em Porto Alegre e que acompanha diariamente sua vida, sua rotina e cuidados com sua saúde. Desde jovem, mantemos uma relação profundamente afetiva e materna. Fui criada por ela e, hoje, retribuo com cuidado, presença e responsabilidade todo o carinho que sempre recebi.
Lamento o vazamento de documentação contendo informações tão íntimas da nossa vida e o possível uso político disso.
Juliana Brizola











