“Juro absurdo inviabiliza a produção”, critica presidente da CNI

Presidente da CNI, Ricardo Alban, durante a entrevista (Foto: Reprodução - Youtube - Agência de Notícias da Indústria)

“Fazendo uma comparação com países que tem uma economia semelhante a do Brasil, nenhum tem uma taxa de juros acima dos 10% que temos hoje”, acrescenta Ricardo Alban

Ao fazer um balanço de 2025 em entrevista à Agência de Notícias da Indústria, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, criticou a manutenção de “juros absurdos” no Brasil, classificando-os como o principal fator negativo do ano e um entrave ao futuro do país.

“O ponto negativo do ano foi não termos conseguido sensibilizar a política monetária com relação a um juro absurdo. Essa é a palavra que consigo usar, absurdo”, disse Alban em entrevista ao portal de notícias da CNI, divulgada na sexta-feira (19).  

A entidade projetou no relatório Economia Brasileira 2025-2026 que o PIB (Produto Interno Bruto) do país crescerá 1,8% – o que seria o menor crescimento dos últimos seis anos. Com a indústria perdendo ritmo por conta dos altos juros – a expectativa é de variação de apenas 1,1% no PIB da indústria no próximo ano – a avaliação da entidade é que o aperto monetário continuará inibindo o crescimento econômico e os investimentos.

“Fazendo uma comparação com países que tem uma economia semelhante a do Brasil, nenhum tem uma taxa de juros acima dos 10% que temos hoje. Isso inviabiliza qualquer continuidade de atividade produtiva, qualquer competitividade”, completa Alban na entrevista. 

O Banco Central (BC) mantém a taxa básica de juros (Selic) a 15% ao ano desde junho de 2025 e a CNI projeta que a mesma deve ser reduzida ao longo de 2026 até fechar o ano em 12%. Neste cenário, os juros reais (descontada a inflação) estariam em torno de 7,9%, “patamar que continuará inibindo o crescimento econômico”, afirma a entidade. 

Deriva-se disso a queda da demanda interna por bens industriais. Segundo o relatório, prevê-se alta de apenas 0,5% da indústria de transformação no ano que vem. A indústria da construção, apesar de também impactada pelos juros, se beneficiará do novo modelo de crédito imobiliário lançado pelo governo federal, assim como a disponibilização de financiamentos para a reforma de moradias de famílias de baixa renda, contribuindo para que o PIB do setor cresça 2,5%. 

“Não há como fugir da realidade: com juros nesse patamar, a economia vai desacelerar ainda mais, prejudicando todos os setores produtivos, em especial a indústria. O impacto recai sobre a população, pois isso se reflete em menos emprego e renda. É necessário que o Banco Central não apenas inicie o ciclo de cortes na taxa Selic o quanto antes, mas que, ao final de 2026, tenhamos juros reais menores do que as projeções indicam no momento”, afirmou Alban quando da divulgação do relatório. 

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