Entidade adverte que juros e dólar na estratosfera “são componentes que preocupam a indústria e podem colocar em risco o desenvolvimento econômico do país”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que o aumento dos juros, alinhado a forte desvalorização do real ao dólar, “são componentes que preocupam a indústria e podem colocar em risco o desenvolvimento econômico do país”, criticam os industriários, em nota publicada na última sexta-feira (20).
A entidade avaliou que não há nenhuma justificativa para o patamar da taxa básica de juros do Banco Central (BC), hoje nos astronômicos 12,25% ao ano e para a atual escalada do dólar, que na última quinta-feira (19), chegou a atingir o pico de R$ 6,30 ao longo do dia.
“A alta do dólar somada à crescente taxa de juros pode comprometer ainda mais a atividade produtiva, com possibilidade de resultados inversos na política de controle da inflação nos curto e médio prazos”, alertou a CNI.
Na ata da última reunião do Copom do BC, divulgada na terça-feira (17), os diretores do BC afirmaram que devem acelerar ainda mais o aperto monetário, com mais dois aumentos de 1 ponto percentual (p.p.) nas próximas duas reuniões do colegiado, que ocorrerão entre janeiro e março do ano que vem.
Com mais dois acréscimos de 1 ponto na taxa, a Selic subirá para 14,25% ao ano, detonando ainda mais a oferta de crédito e com a demanda de consumo de bens e serviços no Brasil.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, “o que o anúncio inédito de que teríamos mais dois aumentos consecutivos de mais 1% na taxa Selic traz de melhoria e contribuição para as expectativas atuais, que já sofrem tantos movimentos especulativos?”, questiona o empresário, ao ressaltar que os juros efetivos e o spread praticados no Brasil já são altíssimos, contribuindo para encarecer os custos das cadeias produtivas, já pressionados pelo câmbio.
A entidade representante da indústria afirma que o Copom na sua decisão “ignorou elementos importantes, tanto no cenário interno quanto externo: desaceleração da atividade econômica, já observada no PIB do terceiro trimestre, além de tendência de redução de juros nas principais economias globais”.
Conforme nota da CNI, ainda, a indústria de transformação importa 23,7% dos insumos usados no processo de produção, somando-se à indexação relativa dos preços das commodities. “Com o dólar mais alto, sobem também os custos para essas empresas, o que pode encarecer os produtos aos consumidores finais”, destaca a CNI.
Ricardo Alban avaliou que a perda de valor da nossa moeda em compasso com a piora das expectativas do mercado financeiro“contrariam dados reais da performance da economia e do controle da dívida pública”, critica.
“Esse cenário de instabilidade, que beneficia a poucos, prejudica o setor produtivo e o desenvolvimento da nossa sociedade”, conclui o empresário.