
Indústria de transformação e investimentos caem
O Produto Interno Bruto (PIB) Brasileiro cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta terça-feira (2). Um período em que a indústria de transformação voltou a apresentar perda de desempenho, ao marcar queda de -0,5% no crescimento, após recuo de 1% no primeiro trimestre de 2025.
Assim, a economia brasileira registra forte desaceleração no crescimento, quando comparada com os primeiros três meses deste ano (alta de 1,3% – dado revisado de 1,4%).
A gerente do IBGE e coordenadora da pesquisa, Rebeca Palis, ressalta que a economia está respondendo à alta taxa Selic (taxa de juros básica) do Banco Central (BC), atualmente em 15% ao ano, que afeta negativamente e com mais intensidade a produção de bens de capital e construção.
“Era um efeito esperado a partir da política monetária restritiva (alta nos juros) iniciada em setembro do ano passado. As atividades Indústrias de Transformação e Construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, argumenta Palis.
A economista também ressalta que a variação positiva de 0,4% no PIB do segundo trimestre foi puxada “exatamente pelo Serviços – com atividades econômicas que não são tão influenciadas pela política monetária restritiva-, e, pelo lado, a demanda e o consumo das famílias pela continuação dos programas de transferência de renda do governo para as famílias e também do dinamismo do mercado de trabalho com a continuação do crescimento do total dos salários recebidos pelas famílias”.
No segundo trimestre de 2025, o PIB, que é a soma do conjunto de todas as riquezas produzidas por um país, a atividade totalizou R$ 3,2 trilhões – em valores correntes. Um resultado referente a R$ 2,7 trilhões em Valor Adicionado a preços básicos e R$ 431,7 bilhões, aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Porém, a taxa de investimento – relação entre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e o Produto Interno Bruto (PIB) – no segundo trimestre de 2025 foi de 16,8% do PIB. Resultado menor que o nível de investimentos observados no primeiro trimestre de 2025 (17,8%), taxa que já era baixa para as necessidades do Brasil, que busca visa a reindustrialização e melhorar as condições de vida do seu povo.
A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos em máquinas, equipamentos e construção civil, caiu -2,2% ante o primeiro trimestre finalizado em março (3,2%).
Os gastos do governo também caíram -0,6% no segundo trimestre deste ano em comparação com o primeiro trimestre, época em que não houve crescimento deste indicador (0%). Já o consumo das famílias arrefeceu de 1% para 0,5% na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano.
Pelo lado da demanda ainda, as Exportações de Bens e Serviços subiram 0,7% no segundo trimestre deste ano, enquanto as Importações de Bens e Serviços caíram 2,9% em relação ao primeiro trimestre de 2025, ambos também em comparação com o trimestre anterior.
Desta forma os dados de investimento e de consumo explicam o baixo desempenho dos principais setores econômicos do país no segundo trimestre.
Pela ótica da produção, a Indústria com um todo cresceu 0,5% no segundo trimestre em comparação com o trimestre imediatamente anterior, puxado pelas indústrias extrativas (5,4%), atividade que corresponde a apenas 4,2% do PIB, em valor adicionado a preços básicos.
A indústria de transformação registrou queda de -0,5% no trimestre. O principal ramo da indústria, que corresponde a 14,4% do PIB, havia marcado um recuo de 1% no crescimento no trimestre de janeiro a abril deste ano.
Por sua vez, a Construção caiu -0,2% no período, depois de ter ficado -0,6% em baixa no primeiro trimestre. Dentro da indústria, Construção corresponde por 3,6% do PIB,
Já o setor de Serviços, que corresponde à maior fatia do PIB (68,8%), subiu 0,6% no trimestre finalizado em junho, com o Comércio (0%) apresentando estagnação no crescimento. No primeiro trimestre, serviços e comércio haviam variado em alta de 0,4% e de 0,5%, na ordem.
Por fim, a Agropecuária (-0,1%) não mostrou variação significativa ante ao trimestre findo em março deste ano, período que obteve 12,3% de crescimento. O setor pesa 6,5% no PIB.
Em relação ao segundo trimestre de 2024, o PIB avançou 2,2%. Já no semestre e no acumulado em quatro trimestres, o PIB cresceu 2,5% e 3,2%, respectivamente.
A gerente de pesquisa do IBGE destaca que o crescimento do PIB em 2025 vem sendo alavancado pela agropecuária, indústria extrativa e atividade de serviços, ambos com baixa participação no PIB.
“Olhando pela ótica produtiva, no ano, no semestre e no trimestre também, a atividade econômica que mais contribuiu para o crescimento interanual foi a agropecuária, com previsão de recordes nas safras de soja e milho. Dentre as 12 atividades econômicas que a gente olha abertas, foi a atividade econômica que mais contribuiu para esse crescimento interanual. E, juntando com a extrativa mineral, também com o destaque de crescimento nesse trimestre e com os outros serviços, dá 60% do crescimento total interanual da economia, sendo que essas três atividades juntas pesam somente 28% [no PIB], comenta Rebeca Palis.