Juro alto do BC derruba indústria no ranking mundial no 2º trimestre, aponta Iedi

Taxa de juro estratosférica impede indústria brasileira de crescer (Foto: José Paulo Lacerda - Agência CNI de Notícias)

Brasil caiu da 38ª colocação – que ocupava nos primeiros três meses deste ano – para 59ª posição

Um levantamento feito pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base em dados recentes da United Nations Industrial Development Organization  (UNIDO), mostra que o Brasil caiu da 38ª colocação – que ocupava nos primeiros três meses deste ano – para 59ª posição do ranking de evolução da produção industrial do segundo trimeste de 2025, com 79 países avaliados. 

Na avaliação do Iedi, “o aumento dos níveis de taxas de juros no país tem cobrado um preço elevado do nosso dinamismo industrial”.

Entre janeiro e junho deste ano, a taxa de juros básica da economia (Selic), que é determinada pelo Banco Central (BC), subiu de 12,25% para 15% ao ano, prejudicando novos investimentos e jogando para baixo a demanda por bens industriais no país.

No segundo trimestre deste ano, destaca o IEDI, “a produção da indústria de transformação global cresceu +1,1% ante o trimestre anterior, mantendo o ritmo da entrada do ano, enquanto no Brasil desacelerou para -0,6%”.

O instituto também explica que o novo crescimento da indústria de transformação mundial foi puxado pela aceleração na Ásia e Oceania, com destaque nos segmentos industriais de alta intensidade tecnológica.    

“O novo avanço foi registrado, puxado pela aceleração do setor na Ásia, a despeito do levante de barreiras comerciais nos EUA, e pelos ramos de maior intensidade tecnológica. Isso só agravou nossa dissonância com o resto do mundo, já que a indústria brasileira vem perdendo dinamismo sob o peso dos juros elevados. Sem falar no Custo Brasil, que cobra um preço ainda maior em períodos de acirramento da competição internacional”, criticou o IEDI, em nota.

Frente ao segundo trimestre do ano passado, o crescimento médio global foi de 4%, na média dos 79 países analisados. Já no Brasil, a variação não passou de 0,4%. Por esta base, a indústria nacional está na 35ª colocação. No segundo trimestre do ano passado, ela estava na 24ª posição.

O Iedi esclarece que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, enquanto o IBGE geralmente usa dados sem esse ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por isso, os resultados podem apresentar pequenas diferenças em relação aos divulgados pelo IBGE.

Quando analisado o acumulado do primeiro semestre de 2025, o Brasil ficou com a 50ª posição no ranking dos 79 países.    

O Banco Central (BC), chefiado por Gabriel Galípolo, está mantendo a Selic em níveis proibitivos aos setores produtivos brasileiros, com a inflação controlada e em desaceleração no Brasil. Dados do próprio BC também apontam para quedas das estimativas de inflação esperada para os próximos 12 meses.

Uma sondagem feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o volume de crédito ofertado à indústria brasileira caiu 60% em 2024 na comparação com 12 anos antes. A entidade defende que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC realize urgentemente cortes no nível da Selic. A próxima reunião do colegiado ocorre entre terça e quarta (4 e 5) desta semana.

“O crédito para a indústria tem um efeito multiplicador ímpar sobre os demais setores produtivos e é fundamental para o crescimento consistente do país”, defende o presidente da CNI, Ricardo Alban.

“As taxas de juros elevadas e a escassez de crédito de longo prazo limitam a modernização do chão de fábrica e ampliam a dependência de importações” , alerta o empresário. “É urgente criar condições de financiamento mais adequadas para sustentar o crescimento produtivo do país”, cobra Alban.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *