“Política monetária restritiva, agravada pelo endividamento e inadimplência das famílias, reduz o consumo, você tem menor consumo, naturalmente tem menor demanda dos setores produtivos e não provoca geração de emprego de forma mais acelerada”, alerta o ministro Luiz Marinho
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou na quinta-feira (9) que a alta taxa de juros reduziu a geração de empregos no início deste ano. “Os juros altos sacrificam demasiadamente a população de baixa renda do país”, disse Marinho. Em janeiro, o Brasil criou apenas 83 mil vagas com carteira assinada, uma queda em cerca de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram registrados 167,2 mil contratos, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho.
Para o ministro, o cenário de uma política monetária ainda restritiva levou a um menor consumo da população, o que empurrou para baixo o nível de emprego no período.
“É um período agravado pelo endividamento. Você tem um endividamento grande e costumeiramente em janeiro, ele não é um mês de maior retomada econômica por conta de uma sazonalidade menor no consumo em outros bens, na medida em que as famílias estão centradas em despesas programadas, como IPVA, material escolar e IPTU, entre outras. Então, acaba agravando a situação já agravada pelo endividamento. E se você tem menor consumo, naturalmente tem menor demanda dos setores produtivos e não provoca geração de emprego de forma mais acelerada”, declarou o ministro.
Em coletiva à imprensa, Marinho criticou a manutenção pelo Banco Central (BC) da taxa básica de juros Selic em 13,75%, que está afundando as famílias no endividamento e travando a economia.
De acordo com o ministro, “costumeiramente janeiro não é um mês forte de geração de emprego. Mas podemos elencar alguns pontos para ser registrado nesse processo olhando para a economia de 2023. Você tem um processo forte de uma política ainda monetária restritiva, juros elevados, o Banco Central tem uma tarefa importante de trabalhar o monitoramento desse macroeconômico fundamental para incentivar a retomada da economia, crescimento, enfim”.
“Outro ponto importante, vocês têm acompanhado também o endividamento elevado da população de maneira geral. Você tem um processo grande, segundo a Federação do Comércio, que aponta que 79% da população está endividada e, portanto, com dívidas atrasadas, inadimplência… 39% até três salários mínimos se encontram com dívidas atrasadas. Cinco pontos a mais que em janeiro do ano passado, por exemplo. De 3 a 5 salários mínimos, quem ganha essa renda, 27%; de 5 a 10, 20%; e acima de 10 salários mínimos, 14%. Então, o endividamento em larga escala da população. Mas você vê que quanto menor a renda, mais perverso é. Portanto, os juros altos sacrificam demasiadamente a população de baixa renda do país”, declarou Luiz Marinho.
O ministro afirmou que o governo está buscando criar mecanismos para responder ao problema do endividamento das famílias e da economia.
“Os indicadores macroeconômicos influenciam neste momento negativamente [na geração de empregos], mas nós estamos trabalhando com muito afinco, especialmente a área de economia, para equacionar esse conjunto de indicadores baixos macroeconômicos, para facilitar também o funcionamento da economia”.
O mês de janeiro registrou 1,87 milhões de contratações contra 1,79 milhões de demissões, gerando o saldo líquido de 83,2 mil admissões, segundo o Caged. Por setor, o Comércio registrou saldo negativo, uma queda de 53,5 mil postos de trabalho. O melhor resultado foi constatado em Serviços, com adição de 40,6 mil postos. A Construção obteve alta de 38,9 mil; seguido por Indústria, com alta de 34,02 mil trabalhadores; e Agropecuária somou mais 23,1 mil postos.
O salário médio de admissão de novos empregados ficou em R$ 2.012,78, sendo uma redução, em valores reais (quando descontada a inflação) de R$ 8,71 em relação ao mês de janeiro do ano passado (R$ 2.021,49).