
Confiança do consumidor volta a cair em agosto, segundo indicador do Instituto Brasileiro de Economia/FGV
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE) caiu 0,5 ponto, para 86,2 pontos em agosto. O recuo foi determinado pela deterioração do Índice de Expectativas (IE) para os próximos meses, que retraiu 1,3 ponto, para 88,1 pontos. Os dados foram divulgados na segunda-feira (25).
Conforme Anna Carolina Gouveia, economista do Instituto, “a gente tem uma taxa de juros muito alta, que é o maior problema que está na cabeça do consumidor neste momento”. “É uma taxa de juros que encarece muito o pagamento de dívidas nesse contexto de inadimplência elevada e de endividamento muito alto em termos históricos”, declarou, segundo reportagem do Valor Econômico, numa alusão ao atual nível de 15% ao ano da Selic, taxa básica de juros da economia, estabelecida pelo Banco Central (BC).
“Isso tudo acaba influenciando na percepção do futuro do consumidor, acaba deixando ele pessimista”, acrescentou a economista.
Dentro do IE, o indicador de situação econômica local futura recuou pelo terceiro mês consecutivo – em 2,8 pontos, para 97,7 pontos. A situação financeira futura da família caiu 2,6 pontos, para 79,8, menor nível desde os 78,9 pontos de setembro de 2021. Em sentido contrário, o indicador de compras previstas de bens duráveis avançou 1,3 ponto, chegando aos 88,2 pontos, maior nível desde dezembro de 2024 (91,0 pontos).
Em nota, o IBRE ressalta que “a confiança do consumidor tem oscilado dentro de uma estreita faixa nos últimos três meses, sem sinalizar uma tendência clara de melhora ou piora da confiança, mas uma manutenção do indicador em níveis desfavoráveis. No mês, a queda modesta é a combinação, por um lado, da piora das expectativas para os próximos meses e, por outro, da melhora das avaliações sobre a situação atual”.
Entre as faixas de renda, “o resultado também é heterogêneo com queda na confiança dos consumidores de menor e maior poder aquisitivo e alta nas demais”. Destaca no mês, “a terceira e segunda queda seguida dos indicadores de situação econômica e financeira futura dos consumidores, respectivamente”.
“Esses resultados sugerem um quadro de cautela e preocupação com o futuro, tendo em vista, principalmente, os altos níveis de endividamento e inadimplência das famílias”.