Sem produzir um único bem, o Itaú Unibanco lucrou R$ 12,8 bilhões do primeiro semestre de 2018. Sim, trata-se do mesmo período em que os resultados para o conjunto da economia foram nada mais que desastrosos, reforçando que a recessão se aprofunda a cada dia. Apenas os bancos continuam muito bem, obrigada.
O Itaú foi o terceiro das maiores instituições financeiras privadas a divulgar seus resultados no segundo trimestre. Na comparação com o mesmo segundo trimestre do ano passado, o banco teve ganhos 3,5% superior, alcançando R$ 6,38 bilhões. Na comparação semestral, o patrimônio da família Setubal cresceu 3,7%. Importante ressaltar que ambos resultados representam o lucro líquido da instituição – ou seja, quando as despesas já foram descontadas. O Itaú já é o maior banco do país. A sua rentabilidade recorrente anualizada sobre o patrimônio liquido foi de 22%, o que faz o banco dobrar de tamanho a cada 5 anos.
Se esse lucro astronômico já é um disparate para qualquer trabalhador que viu sua renda diminuir no período e, também, para qualquer empresa produtiva, que vê as suas dificuldades aumentarem a cada dia, a soma do que os três maiores bancos privados já lucrou no ano é mais que um absurdo. Considerando o lucro do Itaú somado ao do Bradesco (R$ 10,263 bilhões) e do espanhol Santander (R$ 5,791 bilhões), o número chega a R$ 28,885 bilhões.
Apoiado pelo Banco Central (BC) e pelo governo federal que estipulam e permitem a prática de uma das maiores taxas básica de juros do mundo (enquanto em boa parte do mundo essa taxa é negativa), as instituições financeiras são as únicas que continuam lucrando com a recessão.
Aproveitando a crise do setor produtivo, os bancos têm explorado o crédito “de maior rentabilidade” que é para pessoa física, conforme informou as três instituições. Essa modalidade se tornou mais rentável primeiro porque as pessoas têm recorrido aos empréstimos, ao cheque especial e ao cartão de crédito para despesas cada vez mais corriqueiras – também por conta da crise. Segundo porque essas operações de crédito têm as maiores taxas de juros (em média de 300% ao ano), fazendo com que os bancos garantam seus lucros através de uma atividade que cada vez mais se assemelha à agiotagem.
Segundo dados do Banco Central, no período, os empréstimos para pessoas físicas aumentaram 8,7% – com destaque para 17,2% nos cartões de crédito e de 9,6% para o crédito pessoal (para onde também são direcionadas pessoas que estouram limites de endividamento).
Em nota, o Itaú informou que “apesar da redução de crescimento econômico, a demanda por crédito continua saudável”. Para a população, esse comportamento “saudável” representa cada vez mais endividamento.