
Juros elevados penalizam muito as famílias e as empresas, afetando a atividade econômica e o emprego
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) revisou para baixo, de 3% para 2,2%, a projeção de crescimento do setor em 2025.
“Estamos com uma taxa de juros muito alta há muito tempo”, disse o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, na última quinta-feira (21), ao avaliar que a condição interna do Brasil tem mais peso do que o cenário externo para o setor.
“A inflação está começando a ceder, mas ainda está elevada, com os juros penalizando muito as famílias e as empresas. Isso vai ter uma consequência mais forte, mais adiante. E a atividade econômica está caindo, o ritmo de emprego na construção está desacelerando”.
O Sinduscon-SP se baseia em levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). Segundo o sindicato, a coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, Ana Maria Castelo, “os números da indústria e do comércio de materiais de construção apresentaram ligeira desaceleração nos últimos meses, embora esses setores tenham crescido no primeiro semestre”.
A taxa básica de juros (Selic) voltou a ser elevada pelo Banco Central (BC) em setembro de 2024, época em que o patamar da taxa estava em 10,5% ao ano. Hoje o nível da taxa nominal de juros está em 15% ao ano, criando ainda mais dificuldade para as empresas acessarem o crédito.
De acordo com Sinduscon-SP, o financiamento para a produção de unidades pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) despencou 61%.
“Parte das empresas capta no mercado a um custo mais alto, o que repercutirá no custo das obras. Não faltam recursos, pois todos os fundings (captação de recursos) de financiamento à construção somados disponíveis atingiram mais de R$ 1 trilhão em junho. O problema é o custo do crédito”, ressalta o sindicato patronal.
Em abril, 37,6% das empresas obtiveram crédito para várias finalidades, como produção, capital de giro, por exemplo, nos últimos 12 meses. No entanto, 9% tentaram, mas não conseguiram, e 53,4% não tentaram – nestes casos, pesou a alta taxa de juros para 18% das construtoras e 44% das incorporadoras.
Conforme números divulgados pela Associação Brasileira da Indústria Materiais de Construção (Abramat), nesta sexta feira (22), em julho de 2024, o faturamento da indústria de material de construção recuou -2,7%, na comparação com o mesmo mês de 2024, em relação a junho deste ano, o faturamento cresceu 1,9%. No ano, até julho, cresceu 1,1%.