“A elevação dos juros tem surtido efeito não apenas no nível de atividade do setor, mas também nos preços ao consumidor, com reflexos na cesta de consumo de bens e serviços relacionados à data”, aponta a entidade
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima uma queda de 4,1% no volume de vendas no comércio varejista para o Dia das Mães, a segunda data mais importante para o setor, atrás apenas do Natal. A entidade aponta os juros elevados como o principal fator para a derrubada nas vendas.
“A elevação dos juros tem surtido efeito não apenas no nível de atividade do setor, mas também nos preços ao consumidor, com reflexos na cesta de consumo de bens e serviços relacionados à data”, destacou o economista Fabio Bentes, responsável pela pesquisa da CNC.
De acordo com o Banco Central, a taxa média de juros para pessoas físicas nas operações com recursos livres encerrou o primeiro trimestre deste ano em 58,26% ao ano, é o maior patamar dos últimos cinco anos e meio, destaca a CNC.
“Neste ano, a demora na recuperação das condições de consumo da população tem provocado sucessivas revisões nas expectativas de crescimento da economia e do próprio varejo”, justificou o economista Fabio Bentes, responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.
Os níveis de inadimplência e endividamento das famílias estão em níveis bastante elevados, somados ao crédito caro pelas elevadas taxas de juros, os segmentos mais dependente de crédito, como os eletroeletrônicos, por exemplo, vêm registrando perdas significativas.
A CNC estima uma queda de -13,9% no segmento de eletroeletrônicos e utilidades domésticas; de -9,7% nos produtos de informática e comunicação e de -3,8% em móveis e eletrodomésticos no Dia das Mães na comparação como o mesmo período do ano passado.
VENDAS ESTAGNADAS
Em fevereiro, segundo o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), as maiores perdas das vendas do comércio varejista em fevereiro – quando apresentou resultado negativo de acordo com o IBGE – “ficaram por conta de ramos mais dependentes das condições de financiamento e, por isso, com desempenho mais restringido pelos patamares elevados de taxas de juros”.
“Foram os casos, em maior ou menor grau, de equipamentos de escritório, informática e comunicação (-10,4%), tecidos, vestuário e calçados (-6,3%), material de construção (-2,0%) e móveis e eletrodomésticos (-1,7%), assim como de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,0%), que incluem as lojas de departamento”.
“Deste modo, no primeiro bimestre do ano, as vendas reais do varejo ampliado se mostram estagnadas, com variação de apenas +0,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Este resultado sucedeu um declínio de -1,0% em nov-dez/22, derivado das fracas vendas na Black Friday e no Natal”, destaca o Iedi.
O volume vendido no Dia das Mães deverá atingir R$ 13,17 bilhões em 2023, uma queda de 4,1% em relação ao ano passado, já descontada a inflação do período, segundo a CNC.