“As pequenas indústrias são as mais penalizadas com as mudanças econômicas como, por exemplo, o aumento da taxa básica de juros”, afirma economista da entidade
A dificuldade de acesso ao crédito e os juros altos são os principais problemas enfrentados pelas pequenas indústrias brasileiras, que há 10 anos estão insatisfeitas com a situação financeira das empresas. As informações são da pesquisa Panorama da Pequena Indústria entre 2013 e 2023, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta segunda-feira (26).
Usando como critério o indicador que varia de 0 a 100 pontos, tendo a linha dos 50 pontos como uma média entre dificuldade e facilidade, o acesso ao crédito nos últimos 10 anos ficou abaixo da média histórica em 21 trimestres para as indústrias de transformação e em 24 meses para as pequeno-empresas da indústria da construção.
O Índice de Situação Financeira também não andou bem. Neste ponto, a taxa básica de juros da economia (Selic) se relacionava diretamente com os resultados das indústrias: o pior momento da série ocorreu em 2016, quando atingiu com 29,5 pontos (com o mesmo critério de 0 a 100). Na época, a Selic estava em 14,25% ao ano. O indicador manteve-se abaixo da média história de 38,4 pontos de 2015 a 2019, subindo para o maior índice da série histórica (43,1 pontos), quando a Selic foi reduzida para 2% ao ano, no início da pandemia. Nesta época, também foram criados os programas emergenciais para micro e pequenas empresas, como o Pronampe e o PEAC.
“As pequenas indústrias são as mais penalizadas com as mudanças econômicas como, por exemplo, o aumento da taxa básica de juros. Também são as que tem menos disponibilidade de recursos para lidar com eventuais problemas. Por esses e outros motivos, os últimos dez anos não foram fáceis para as MPEs industriais e o Panorama detalha esse cenário”, explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
A carga tributária para pequenas empresas também foi um problema nos últimos 10 anos, sendo uma das dificuldades mais apontadas pelos entrevistados. Demanda interna insuficiente e competição desleal também figuram como motivos.
Com o anúncio pelo governo federal dos programas de apoio às pequenas empresas, como o programa Novo Brasil Mais Produtivo, que pretende investir R$ 2 bilhões em 200 mil micro e pequenas empresas brasileiras; e o Programa de Apoio à Competitividade das Micros e Pequenas Indústrias (Procompi), os empresários se mostram otimistas. Segundo a CNI, o Índice de Confiança do Empresário (ICEI) registrou 51,2 pontos em janeiro de 2024 – a linha dos 50 pontos separa confiança da falta de confiança.