Número de brasileiros endividados cresceu pelo 12º mês seguido, alcançando 74,6% das famílias. Parcela das famílias com dívidas ou contas em atraso atingiu o maior nível desde setembro do ano passado: 26,1%
O percentual de famílias brasileiras endividadas em novembro alcançou 75,6%. São cerca de 12 milhões e 327 mil famílias, um recorde, segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC). Em um cenário de carestia, desemprego elevado e queda na renda, a inadimplência também cresceu. O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou o maior nível desde setembro do ano passado: 26,1% do total de famílias. “Para meses de novembro, trata-se da maior proporção observada na série histórica do indicador”, diz a CNC.
A parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que permanecerão inadimplentes é de 10,1%.
Para a entidade, os juros altos implementados pelo Banco Central e a inflação galopante corroem a renda do brasileiro.
“A inflação corrente elevada, disseminada e persistente tem deteriorado os orçamentos domésticos e diminuído o poder de compra das famílias, em especial as na faixa de menor renda. Alimentos, transportes, energia e medicamentos são os grupos de itens com maiores altas nos preços e as classes de despesas mais representativas na cesta de consumo do brasileiro de renda média e baixa”, diz a CNC.
“O endividamento cresceu pelo 12º mês consecutivo, embora estejamos experimentando a alta mais pronunciada dos juros neste segundo semestre. De acordo com os dados do Banco Central, os juros médios às pessoas físicas nas linhas de crédito com recursos livres, aquelas que englobam as principais modalidades de dívidas, chegaram a 41,3% em setembro, dado mais recente disponível até o fechamento dessa pesquisa. Em setembro de 2020, os juros médios praticados foram de 38,1% e, em dezembro, 37,1% ao ano”, aponta a pesquisa.
As dívidas a vencer são com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.
Com a inflação em disparada elevando às alturas os preços dos alimentos, aluguel, combustíveis, botijão de gás, energia elétrica, entre outros produtos de primeira necessidade, o brasileiro cada vez mais busca o crédito para complementar a renda achatada, “Mesmo com juros maiores, as necessidades de crédito dos consumidores seguem elevadas, refletindo o maior endividamento em dimensões nacionais”, aponta a pesquisa.
O cartão de crédito, “considerado crédito de curto prazo e o meio de pagamento mais difundido no País”, segundo a CNC, é apontado como a principal modalidade no endividamento para 85,2% dos entrevistados. Muitas famílias estão recorrendo ao cartão de crédito para comprar o básico para sua família, como alimentos, e mesmo no pagamento de contas de luz e gás.
De acordo com o Banco Central, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito de setembro para outubro passou de 339,5% para 343,6% ao ano. Uma aberração.