Para 87% dos brasileiros, os juros elevados só ficam atrás da violência
Pesquisa divulgada pela Genial/Quaest nesta quarta-feira (16) aponta que para 87% dos brasileiros os juros altos são o grande problema do Brasil hoje.
A citação dos juros elevados ficou atrás somente da violência, com 96% das menções, e à frente do racismo, com 80%, seguido por notícias falsas (79%) e desemprego/falta de oportunidade (79%).
Com o Banco Central (BC) sustentando a taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% até agosto deste ano, a economia do país resfriou no segundo semestre, com baixo desempenho da indústria, do comércio varejista e do setor de serviços. Em níveis escorchantes, a Selic eleva as demais taxas de juros para empréstimos e financiamentos, travando os investimentos e elevando o endividamento das famílias e empresas. E, como consequência, derruba a demanda de consumo de bens e serviços no país, bem como a geração de empregos.
Apesar do recente corte de apenas 0,5 ponto percentual na Selic pelo BC, após ter mantido a taxa por doze meses nos 13,75%, os brasileiros são os maiores pagadores de juros reais do mundo – quando descontada a inflação.
“Se esse corte de 0,5 ponto porcentual [na taxa Selic em agosto] não viesse, teríamos um problema econômico grave no Brasil”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertando que a economia está ainda sob riscos ante aos juros altos. “Cortando meio [ponto percentual da Selic] nós vamos viver um longo prazo contracionista”.
Ao criticar a demora do Banco Central em reduzir a taxa de juros da economia Selic, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, no início desta semana (14), o ministro defendeu uma aceleração no corte da taxa de juros.
“O Banco Central, ele diz que a chamada taxa neutra de juro real gira em torno, uns dizem entre 4,5% e 5%. Vamos dizer 4,5%. Se a inflação é de 4 por cento, 8,5% é neutro. Significa que tudo acima de 8,5% é recessivo, é contracionista. Então, se você cortar meio [ponto percentual da Selic], a pergunta que eu faço é a seguinte, quanto tempo nós vamos levar para chegar no juro neutro cortando meio por reunião, sendo que são oito por ano?, questionou Haddad.