
Em relação a março de 2024, os indicadores marcam quedas de -7,3% e de -9,5%, respectivamente
Em março de 2025, o faturamento real e o número de horas trabalhadas na produção industrial registraram queda, marcando o primeiro mês do ano sem avanços nesses indicadores, segundo dados da pesquisa Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O faturamento da indústria teve queda de 2,4% em relação a fevereiro (dados dessazonalizados), interrompendo uma sequência de dois meses de crescimento e revertendo a alta registrada no período anterior. Apesar da queda, o indicador está 4,7% em alta no primeiro trimestre de 2025 ante ao quarto trimestre de 2024.
Já o número de horas trabalhadas na Indústria de transformação caiu 1,6% entre fevereiro e março de 2025. “A queda reverte a maior parte da alta do mês anterior, de 1,9%. Ainda assim, o primeiro trimestre de 2025 se encerra com alta de 1,1% ante o quarto trimestre de 2024”, ressalta a entidade na pesquisa.

No mês de março também houve recuos na massa salarial real (-2,8) e no rendimento médio real (-2,6) dos trabalhadores da indústria de transformação, sendo a segunda queda mensal consecutiva. Em relação a março de 2024, os indicadores marcam quedas de -7,3% e de -9,5%, respectivamente.
A massa salarial real também recuou no trimestre encerrado em março, queda de -3,3% na comparação com o trimestre anterior. Na mesma base de comparação, o rendimento médio real caiu -3,9%.
Já a Utilização da Capacidade Instalada (UCI) ficou inalterada em março, repetindo o comportamento observado em fevereiro. Frente a março de 2024, o indicador caiu 0,5 ponto porcentual (p.p). Na média do primeiro trimestre, no entanto, a UCI encontra-se em um nível abaixo do visto no trimestre anterior e do verificado no mesmo período do ano passado.
Entre os principais problemas enfrentados pelo setor, destacam-se os juros elevados, que seguem pressionando os custos de financiamento e limitando investimentos, especialmente na indústria de transformação.
“O Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais do mundo”. “Os juros altos encarecem o crédito, desestimulam investimentos e dificultam o crescimento da economia”, afirma a entidade em nota divulgada, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 p.p, de 14,25% para 14,75% ao ano, na quarta-feira (7).
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, “a elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024”.
A CNI calcula que, com a Selic ainda a 14,25%, a taxa de juros real (descontada a inflação) se encontra hoje em 8,8% ao ano. “Associada ao spread bancário extremamente alto, a taxa de juros média nas operações com pessoas jurídicas saltou de 19,4% a.a., em dezembro de 2024, para 22,8% a.a., em março de 2025”, critica a CNI.