“Bens de capital têm sido o principal freio para a indústria em 2023. Como se sabe, as decisões de investimento são particularmente prejudicadas pelo quadro de elevação das taxas de juros reais que temos visto no país”, assinala o instituto
“Juros em alta, bens de capital em baixa”, assim sintetizou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) ao analisar o “modesto” resultado da produção industrial brasileira que variou +0,3% em maio, em relação a abril, quando caiu -0,6%, conforme divulgou o IBGE na terça-feira (4).
“Como tem sido a norma recente”, diz o instituto, “a indústria de transformação ficou mais uma vez no vermelho”.
“O resultado foi de +0,3% frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, graças a um avanço de +1,2% na atividade extrativa, já que a indústria de transformação (-0,1%) ficou mais uma vez no vermelho”.
O Instituto assinala que na comparação com um ano atrás, a trajetória da produção industrial tem sido de oscilação entre altas e baixas. Em relação a maio de 2022 houve crescimento de +1,9%, mas “insuficiente para aplacar a retração do mês anterior (-2,7% ante abr/22)”, e aponta que isso é devido a apenas um único macrossetor: bens de capital, cuja produção caiu -11,6%.
“De fato, bens de capital têm sido o principal freio para a indústria em 2023. Como se sabe, as decisões de investimento são particularmente prejudicadas pelo quadro de elevação das taxas de juros reais que temos visto no país”, afirma o Iedi, acrescentando o enfraquecimento do mercado interno e as incertezas em relação a reformas como a tributária que está em discussão no Congresso Nacional.
De janeiro a maio de 2023, a produção de bens de capital acumula queda de -9,6% “em uma trajetória de progressiva deterioração”, diz o Iedi.
“Outro freio importante foi bens intermediários, com queda de -1,0% nestes primeiros cinco meses do ano. Com isso, tudo que a indústria geral havia ganhado na segunda metade de 2022 (+0,4%) se perdeu agora em 2023 (-0,4%)”, destacou o Iedi.
O Iedi aponta, também, que o ritmo de queda para bens de capital no bimestre abr-mai/23 foi duas vezes mais intenso do que no 1º trim/23 para bens de capital: -13,4% frente a abr-mai/22.