
Taxas cobradas para pessoas físicas e jurídicas aumentam na esteira da elevação dos juros pelo BC, asfixiando o setor produtivo e o consumo
Em fevereiro deste ano, a taxa média de juros no crédito livre (definida pelos bancos) das famílias subiu 2,4 pontos percentuais e atingiu 56,3% ao ano, conforme dados divulgados pelo Banco Central (BC), nesta quarta-feira (9). Esse é o maior nível desde agosto de 2023, quando o índice estava em 56,5% ao ano.
A elevação da taxa cobrada das famílias se deu pelas taxas de juros das operações de cartão de crédito rotativo, que subiram 9,6 pontos percentuais (p.p), e do crédito pessoal não consignado, elevação de 6,1 p.p.
A taxa de juros do cartão de crédito rotativo subiu de 441% ao ano em janeiro para 450,6% em fevereiro, enquanto a do crédito pessoal não consignado aumentou de 99,8% para 105,9%, na mesma base comparativa.
No caso das empresas, a taxa média de juros aumentou 2,3 p.p. em doze meses, situando-se em 23,9% ao ano.
Com esses resultados, a taxa média de juros de crédito livre, para pessoas físicas e jurídicas, alcançou 43,7% ao ano, sendo um acréscimo de 1,5 p.p. no mês e 3,4 p.p. em doze meses.
O encarecimento do crédito no Brasil volta a ser puxado pelo aumento da taxa básica de juros (Selic) do Banco Central (BC). Ao determinar uma Selic de 14,25% ao ano, o BC está empurrando para baixo os investimentos e a demanda de bens e serviços no país. com a justificativa de estar combatendo a inflação. – que ganhou força nos últimos meses por fatores em que a política monetária contracionista não surte efeito, como no caso de altas dos preços de alimentos no mercado internacional, que contaminam os preços internos, além do aumento dos preços administrados (combustíveis, energia elétrica, planos de saúde, educação privada etc.)
Em seu relatório, o BC também afirma que, em janeiro, o endividamento das famílias com as instituições financeiras chegou a 48,7%, uma alta de 0,3 p.p em relação ao mês anterior e de 0,9 p.p em 12 meses.
CRÉDITO UTILIZADO PARA PAGAR DÍVIDAS
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio, o endividamento das famílias cresceu nos dois primeiros meses desse ano, com 77,1% das famílias relatando ter dívidas a vencer em fevereiro, o maior patamar desde setembro de 2024. São dívidas com cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
A inadimplência na pesquisa da CNC ficou em 28,6%. Muitas famílias estão buscando crédito para quitar dívidas e fazer frente às despesas necessárias. O percentual de famílias com contas atrasadas não teve alteração e o das famílias que não terão condições de pagar as contas atrasadas teve recuo, “o que pode mostrar que o crédito está sendo utilizado para quitar dívidas inadimplentes antigas”.
O percentual médio de comprometimento da renda com dívidas permaneceu em 29,9% em março.

Já a taxa de inadimplência do crédito total do Sistema Financeiro Nacional (SFN), segundo o Banco Central, considerando atrasos superiores a 90 dias, chegou a 3,3% em fevereiro. No crédito livre, esse índice chega a 4,5%, influenciada pela inadimplência das empresas, que chegou a 2,9%, e das famílias, que se manteve em 5,6% em fevereiro.