Taxa média cobrada em operações com pessoas físicas e jurídicas em abril deste ano atingiu o maior patamar em cinco anos
Com os escorchantes juros de 13,75% do Banco Central (BC), a taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas chegou em abril deste ano ao seu maior patamar em cinco anos. Segundo dados do BC, divulgados nesta terça-feira (30), de março para abril a taxa média subiu de 44,5% para 45,1%.
O índice do BC considera em seus cálculos apenas recursos livres. Ou seja, não inclui os juros para financiamento habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Veja abaixo as taxas médias de juros cobradas pelos bancos por modalidade:
· A taxa média de juros para empresas (23,9% a.a);
· A taxa média de juros para pessoas físicas (59,7% a.a);
· Cheque especial das pessoas físicas (134% a.a)
· Cartão de crédito rotativo (447,5% a.a)
. Cartão de crédito parcelado (200,7% a.a)
Não é à toa que o cartão de crédito seja apontado como o vilão das dívidas. A taxa média de juros do cartão de crédito rotativo saiu de 433,3% ao ano em março para 447,7% em abril – um avanço de 14,4 pontos percentuais – sendo o maior patamar em seis anos. Já a taxa do parcelado do cartão subiu de 193,2% para 200,7%, alta de 7,5 pontos.
Cabe lembrar que os números descritos se referem a taxa média de juros cobrada nas operações. Ou seja, há instituições financeiras e bancos que estão cobrando juros acima dos 500% a.a, no caso do rotativo, e acima de 300% a.a, no parcelado do cartão.
O cartão de crédito normalmente é usado para o consumo de bens e serviços, mas passou a ser uma válvula de escape para as compras do dia a dia com a carestia dos alimentos que assola o Brasil nos últimos anos. Sem levar este fator em questão, e outras, como desemprego, o baixo desempenho econômico do país etc., o Banco Central (BC), liderado por Roberto Campos Neto, elevou a taxa básica de juros da economia (Selic) de 2% a.a, em março de 2021, para 13,75% a.a, em agosto de 2022, – patamar que se mantém até hoje, mesmo com a inflação demonstrando evidente desaceleração e todos os setores da sociedade clamando pela redução dos juros, porque a economia está indo para degola.
Com os juros altos tornando as dívidas em “bolas de neves”, em abril, 78,3% das famílias brasileiras estavam endividadas, mesmo índice constatado em março pela pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “Desse total, 17,3% consideram-se muito endividadas, indicador que voltou a crescer após duas quedas, por conta dos juros elevados”, destacou a entidade.
Outra pesquisa, aponta que em abril haviam 66,08 milhões de pessoas com dívidas em atraso, número que representa um crescimento de 8,08% sobre o mesmo mês do ano passado e um recorde na série histórica do levantamento feito pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). 63,76% do total de dívidas é com o setor financeiro.
De acordo com os números do BC, o endividamento das famílias somou 48,5% da renda acumulada nos 12 meses até março deste ano. Antes da pandemia da Covid-19 (fevereiro de 2020), a soma estava em 41,8%.
Em abril, ainda, a taxa de inadimplência média apurada pelos bancos subiu de 3,3% em março para 3,4%. Do lado das famílias, a inadimplência subiu de 4% em março para 4,2% em abril. Já para as empresas, a inadimplência subiu de 2,1% para 2,3%.
Segundo o BC, o volume total do crédito bancário no mercado no quarto mês de 2023 ficou em R$ 5,4 trilhões – mesmo patamar de março. Em abril, houve uma queda de 1,2% nas novas concessões de empréstimos (total R$ 484,8 bilhões) contra março, em que havia totalizado R$ 490,7 bilhões. Essa foi a terceira queda mensal seguida do indicador. No mês passado, foi constatado um recuo de 0,6% nos empréstimos para as empresas.