Enquanto os bancos apresentam recordes nos lucros e a inadimplência atinge o seu maior patamar histórico, os juros do cheque especial e do cartão de crédito voltam a subir.
De acordo com informações divulgadas nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC), a taxa de juros cobrada pelo bancos, em março, para o cheque especial chegou a 322,7%, ante 317,9% ao ano em fevereiro. Trata-se da quinta alta consecutiva.
Já os juros cobrados pelas operações com cartão de crédito subiram, de fevereiro para março, de 295,5% para 299,5% – também a quinta alta consecutiva.
O comportamento de agiotagem dos bancos ao praticarem uma das mais altas taxas de juros do mundo é o que tem garantido lucros recordes – enquanto todo o resto da economia agoniza na recessão.
Explorando o que chamam de “crédito de maior rentabilidade”, que é justamente o oferecido para pessoa física, os bancos garantem suas margens estratosféricas em tempos em que a população, sofrendo com o desemprego e o arrocho salarial, recorre ao cartão de crédito e ao cheque especial inclusive para despesas mais corriqueiras.
Essa receita contribuiu para que a inadimplência em março atingisse 63 milhões de brasileiros – o maior patamar da série de pesquisas do Serasa Experian, iniciada em 2016. Isso significa que 40,3% da população simplesmente não consegue pagar suas dívidas. Entre os idosos com mais de 61 anos, 38,8% deles estavam inadimplentes em março na comparação com março do ano passado, especialmente por conta dos perniciosos créditos consignados dos bancos que descontam direto da fonte.
Não surpreende que as dívidas com bancos e cartões representam sozinhas 28,1% dos registros de inadimplência, ainda segundo o Serasa.
Lucro Bradesco
Nesta quinta-feira, o banco Bradesco informou que seu lucro líquido subiu 22,3% e chegou a R$ 6,238 bilhões no primeiro trimestre deste ano, na comparação com os primeiros três meses de 2018 (R$ 5,1 bilhões). Na comparação com o quarto trimestre do ano passado (R$ 5,830 bilhões), o lucro subiu 7%.
Segundo o Bradesco, no primeiro trimestre deste ano, o retorno sobre o patrimônio líquido (rentabilidade) atingiu 20,5%. O patamar mais elevado dos últimos 15 meses.