A taxa de juros do cartão de crédito e do cheque especial voltou a crescer em fevereiro, informou o Banco Central (BC), nesta quarta-feira (29). Em relação a janeiro, a média do rotativo (taxa cobrada quando não se paga o total da fatura) do cartão subiu, em apenas um mês, 8,6 pontos percentuais – chegando a 295,5% ao ano em fevereiro. Já a taxa cobrada pelo uso do cheque especial atingiu no mês passado 317,9% ao ano, quando cresceu 2,3 pontos também sobre janeiro.
Os bancos se comportam como agiotas ao praticarem uma das mais altas taxas de juros para operação de crédito do mundo e, apesar de atribuírem essa exorbitância à inadimplência alta, têm garantido às custas do povo recordes e mais recordes de lucro – enquanto todo o resto da economia agoniza na recessão.
Aproveitando a crise do setor produtivo, os bancos têm explorado o crédito “de maior rentabilidade” que é para pessoa física, conforme informaram as maiores instituições financeiras do país à época da divulgação de seus resultados anuais. Essa modalidade se tornou mais rentável primeiro porque as pessoas têm recorrido aos empréstimos, ao cheque especial e ao cartão de crédito para despesas cada vez mais corriqueiras no momento em que o desemprego e o subemprego do país atingem 26,5 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE.
Os quatro maiores bancos do país, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil (este último o único público) tiveram lucro líquido de R$ 73 bilhões no ano passado. Todos informaram que o crescimento nos ganhos foi puxado justamente pelo crédito à pessoa física, especialmente na linha de cartão de crédito.
Além das taxas do cartão e cheque especial, o levantamento do BC informou que as taxas cobradas nas operações para crédito pessoal também cresceram em fevereiro: + 6,2 pontos percentuais em relação a janeiro, atingindo 122,5%. O crédito consignado, aquele que compromete e desconta direto da folha dos trabalhadores e pensionistas, ficou em 24,2% ao ano.
PRISCILA CASALE