Taxa média de juros das concessões de crédito às pessoas físicas alcançou 59,7% ao ano em abril. No cartão de crédito, juros chegam a 450% ao ano
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 78,3% das famílias brasileiras estavam endividadas em maio. Desses, 29,1% têm dívidas em atraso, ou seja, estão inadimplentes.
O destaque desta edição da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) foi o crescimento do endividamento e da inadimplência entre as famílias de renda média. Neste recorte, o endividamento na faixa de renda de 3 a 5 salários-mínimos cresce para 79,6% do total. Para as famílias com renda entre 5 e 10 salários-mínimos, o percentual de maio foi de 78%.
A inflação está mais baixa, mas os juros altos continuam pressionando os orçamentos das famílias, em especial os de renda média que utilizam mais o sistema bancário e tendem a contratar crédito com mais frequência.
Segundo dados do Banco Central (BC), a taxa média de juros das concessões de crédito às pessoas físicas alcançou 59,7% ao ano em abril – a maior desde agosto de 2017 e 9,8 pontos percentuais mais alta que abril do ano passado. No cartão de crédito a taxa saltou de 433,3% ao ano, em março, para 447,5% ao ano, em abril. É o maior patamar em seis anos, desde março de 2017, quando a taxa era de 490% ao ano.
Dentre os tipos de dívida, 87,2% dos consumidores chegaram em maio endividados com o cartão de crédito, o maior volume em um ano. Nas famílias com rendas média e baixa, os endividados no cartão representaram 87,1%.
“Os juros elevados dificultam o pagamento da dívida atrasada, pois acirram as despesas financeiras. Com isso, o volume de consumidores com atrasos por mais de 90 dias segue em tendência de alta. Do total de inadimplentes, 45,7% estão com atrasos por mais de três meses, maior percentual em três anos”, avalia a CNC. Em maio, 11,8% do total de inadimplentes afirmaram que não tem condições de pagar dívidas em atraso.
Quando falamos de inadimplência, o percentual de famílias com dívidas em atraso foi de 27,7% para a faixa de renda de 3 a 5 salários mínimos e de 23,4% para a faixa de 5 a 10. Desses, 10,4% e 8,5%, respectivamente, afirmam que não tem condição de pagar suas dívidas.
Na comparação anual, o endividamento e a inadimplência cresceram em todos os grupos. Em maio de 2022, 77,4% das famílias de todas as faixas de renda estavam endividadas, enquanto 28,7% inadimplentes.
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