No crediário do comércio, o juro subiu para 80% ao ano; no cartão de crédito atingiu 340,8%; no cheque especial foi para 140,3% e no crédito pessoal para 53,58%, segundo dados de novembro divulgados pela Anefac
Em meio ao desemprego elevado, inflação galopante e renda desabando, o consumidor brasileiro ainda se depara com as extorsivas taxas de juros cobradas pelos bancos, comprometendo grande parte de seu orçamento. Com a taxa básica de juros (Selic) próxima dos dois dígitos, os juros cobrados ao consumidor, que já são altos, dispararam, apontam dados da Associação Nacional de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Neste ano, após seguidos aumentos pelo Banco Central (BC), a Selic foi de 2% para 9,25% a.a.
De acordo com o levantamento da Anefac, entre janeiro e novembro, as taxas médias cobradas nos crediários do comércio passaram de 72,7% para 80% ao ano.
Já os juros do cheque especial foram de 127,7% para 140,3% a.a. Por outro lado, os juros do cartão de crédito saltaram de 257,1% para 340,8% a.a. “Empréstimo Pessoal Banco” saiu dos 45,59% para 53,58% ao ano.
“Considerando todas as elevações da taxa básica de juros (Selic) promovidas pelo Banco Central desde janeiro/2021, tivemos neste período (janeiro/2021 a novembro/2021) uma elevação da Selic de 5,75 pontos percentuais (elevação de 287,50%) de 2,00% ao ano em janeiro/2021 para 7,75% ao ano em novembro/2021. Neste período a taxa de juros média para pessoa física apresentou uma elevação de 15,81 pontos percentuais (elevação de 17,08%) de 92,59% ao ano em janeiro/2021 para 108,40% ao ano em novembro/2021”, escreveu a Anefac, em nota.
Nas operações de crédito para pessoa jurídica, a associação destacou que houve uma elevação de 41,20% ao ano em janeiro para 50,06% ao ano em novembro.
Para o ano de 2022, o Banco Central já sinalizou que manterá sua decisão de continuar elevando os juros a pretexto de combater a atual inflação, que resulta, principalmente, pelo aumento dos preços dos combustíveis (gasolina, diesel, gás de cozinha…) e da conta de luz, que são administrados pelo governo federal.
Ao optar por elevar a Selic, o governo Bolsonaro está permitindo que sejam travados ainda mais os investimentos privados e públicos, além de encarecer o crédito aos consumidores. Por sua vez, quem sai ganhando são os bancos e os demais parasitas do setor financeiro, através dos juros da dívida pública.