
Ex-presidente prometeu retomar programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa Minha Vida. “Vamos começar a trabalhar antes do carnaval. Não temos muito tempo”, acrescentou
O ex-presidente Lula afirmou nesta quarta-feira (27), em entrevista ao UOL, que assim que for eleito vai chamar uma reunião com os 27 governadores para a definição das principais obras de infraestrutura de cada Estado. “Vamos também retomar as obras voltadas para a Saúde e a Educação”, destacou. “Vamos começar a trabalhar antes do carnaval. Não temos muito tempo”, acrescentou.
Ele disse que será no ritmo de “40 anos em 4”, ao comparar com Juscelino que lançou o slogan “50 anos em 5”. Ele prometeu retomar programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Minha Casa Minha Vida, que segundo ele construiu cerca de 4 milhões de moradias, e o Bolsa Família em R$ 600. “Mudar nome do programa foi uma bobagem. Vamos retomar o Bolsa Família a R$ 600. Tem que levar em conta número de pessoas por família, não pode ser igual para todo mundo”, disse Lula.
AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO
“Vamos aumentar o salário mínimo acima da inflação. É bom que todo mundo saiba que no meu governo, nós aumentamos o salário mínimo em 74% e não houve inflação”, disse Lula sobre a política salarial do novo governo.
Sobre a questão do tamanho do governo, Lula disse que vai recriar todos os seus ministérios. O ex-presidente afirmou que é uma bobagem dizer que ministérios custam caro. “Na verdade, se a gente for ver, as agências reguladoras custam mais do que os ministérios”, observou. “Um país do tamanho do Brasil não pode deixar de ter um Ministério do Planejamento. Temos que ter uma prateleira de projetos feitos por este ministério”, prosseguiu.
Assista a entrevista na íntegra
“Vamos criar os ministérios necessários porque, quando coloca uma coisa importante, como cultura, no lugar secundário, você não está dando importância. Cultura vai ser muito importante. Vamos criar comitês estaduais para ver se consegue nacionalizar cultura. É preciso que dê à cultura compreensão de indústria geradora de milhões de empregos”, afirmou o ex-presidente.
“Não quero governo burocrata, só com técnicos. Se técnicos resolvessem, ia na USP [Universidade de São Paulo] e buscava técnicos. Ou ia em Harvard [EUA]. Quem tem que dirigir é a política. Todos os meus ministros vão ter que ter cabeça política boa. Ele monta a equipe com melhores técnicos”, assinalou.
DESCOBRIMOS O PRÉ-SAL E ELES VENDERAM TUDO
Lula disse que a atual política de preços da Petrobrás é “para agradar aos acionistas em detrimento de brasileiros” e prometeu fazer mudanças para que o preço seja calculado em função dos custos nacionais “porque produzimos em real, pagamos salário em real.” “Nós descobrimos o pré-sal e eles venderam tudo, gasodutos, a BR, refinarias. O Brasil poderia estar exportando derivados e não está conseguindo nem abastecer o consumo interno. Isso é uma vergonha”, denunciou.
O presidenciável da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), em coligação com PSB, PSOL, Solidariedade e Rede, afirmou que vai investir para aumentar a capacidade de refino do país e prometeu trabalhar para tornar a empresa brasileira um destaque internacional. “Vou fazer a Petrobrás ser, se não a primeira, a segunda empresa petroleira do mundo”, afirmou Lula.
Lula considerou pouco provável que os militares apoiem uma aventura golpista de Bolsonaro. “Acho que ele vai tentar fazer o que quer fazer. [Mas] a gente deve ter em conta que militares são mais responsáveis que Bolsonaro”, afirmou o ex-presidente. “Convivi com militares e não tenho queixa do comportamento das Forças Armadas. Mantive oito anos de convivência da forma mais digna possível.”
ELE TEVE MÁ CONDUTA NO EXÉRCITO
“Essas bobagens que Bolsonaro fala não têm apoio dos militares da ativa, do alto comando. Ele só pode ser considerado chefe supremo quando é sério, fala coisa com coisa e respeita instituições. Ele fala ‘meu Exército’, mas não é dele. Ele foi expulso do Exército por má conduta. Se ele começar a brincar com democracia, ele vai pagar caro”, prosseguiu Lula. Ele também criticou as recorrentes críticas que Bolsonaro tem feito ao sistema eleitoral brasileiro. “Cidadão que foi eleito não tem um que coloque em suspeição a urna. Só esse bronco [Bolsonaro], que ganhou com urna eletrônica e está tentando copiar [o ex-presidente norte-americano Donald] Trump e desafiar a lógica da democracia” apontou.
Sobre a economia, Lula disse que o país não precisa de teto de gastos. “Quando você faz uma lei de teto de gastos é porque você é irresponsável, porque você não confia em você, porque você não confia no seu taco, porque você não tem segurança do que vai fazer”, disse. “Quem obrigou o governo a fazer o teto de gastos?”, indagou Lula. “Foi o sistema financeiro, para garantir o seu, sem se importar que o povo tem direito a uma parte”, respondeu. “Não pode colocar um teto de gastos sem pensar em investimentos na Saúde, no combate à fome”, acrescentou o candidato.
O presidenciável afirmou que o Brasil precisa de “um governo que tenha credibilidade” e que “garanta estabilidade e previsibilidade”. “Isso eu e [Geraldo] Alckmin vamos fazer com muita competência […]. Se eu tiver que gastar ,eu tenho que fazer uma dívida em algum ativo que seja produtivo e que me garanta uma certa rentabilidade. Eu não posso gastar aquilo que não tenho”, disse.
Lula falou também sobre a reeleição e disse que descarta essa possibilidade para ele. “Acho justo ter direito de reeleição, [mas] eu, sinceramente, não penso em reeleição. Quero cumprir mandato com maior competência possível. Saí do governo com 87% de bom e ótimo, 10% de regular e 3% de ruim e péssimo. Eu não quero, não tenho idade, vou estar com 81 anos”, observou o candidato da oposição.