Gestão nomeada por Bolsonaro terá que pagar R$ 50 mil ao sindicato do moedeiros como indenização por impor “verdadeira gestão de perseguição e terror, gestão de choque”
A 50ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro (VT/RJ) condenou a direção da Casa da Moeda a pagar R$ 50 mil ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Indústria Moedeira (SNM) como indenização por assédio moral e abusos cometidos pela atual gestão, indicada por Jair Bolsonaro, entre agosto de 2019 e outubro de 2020.
Na sentença divulgada na sexta (7), a juíza Titular da 50ª VT/RJ, Maria Alice de Andrade Novaes, afirmou que diante dos depoimentos e documentos apresentados no processo pelo sindicato, ficou comprovado que os métodos usados pela direção da Casa da Moeda eram abusivos e causaram significativo abalo emocional entre os trabalhadores.
“Ficou comprovado que a diretoria que assumiu em 2019 chegou de forma avassaladora abalando as estruturas, prometendo diversas reformas, com sucessivos comunicados de ameaça de perda de direitos, criação de comissões para refutar atestados médicos, impondo verdadeira gestão de perseguição e terror, gestão de choque”, afirmou a juíza na decisão.
A Casa da Moeda consta no rol de estatais a serem privatizadas no governo Bolsonaro. De acordo o sindicato, desde que a gestão indicada pelo governo Bolsonaro assumiu o órgão, em agosto de 2019, ela tem feito pressão para que os trabalhadores entrem em planos de demissão voluntária (PDV).
A perseguição aos funcionários da instituição se deu através de cortes de benefícios dos funcionários e até da criação de auditoria interna, com a criação de uma comissão especial para apurar faltas e licenças – medida que, segundo o sindicato, buscava constranger os funcionários que viessem a ficar doentes. Em comunicado divulgado internamente na época, a diretoria da Casa da Moeda teria determinado que os gestores acompanhassem “de perto a situação de seus empregados, informando a quantidade de ausência e o impacto financeiro desta ausência”.
Ao comentar a decisão da Justiça, à Folha, o advogado do sindicato, Maximiliano Nagl Garcez, afirmou que “não é uma condenação de grande valor econômico, mas é prova importante para aqueles que sofreram esses assédios”.