Veredicto do Tribunal Popular da cidade de Ho Chi Minh, com sentença de pena de morte, ocorreu após comprovação de que a bilionária Truong My Lan açambarcou R$ 66,4 bilhões para ela e 85 cúmplices
A Justiça do Vietnã condenou à morte nesta quinta-feira (11) a bilionária do setor imobiliário Truong My Lan, de 67 anos, acusada de cometer uma fraude financeira de 304 trilhões de dongs (R$ 66,4 bilhões ou US$ 12,5 bilhões), a maior já registrada no país.
O Tribunal Popular da cidade de Ho Chi Minh sentenciou a magnata por praticar os crimes de peculato e de suborno, além de atentar contra as regras bancárias do país. Todos os bens de Lan foram penhorados para garantir a execução do veredicto.
Tendo criminosamente se apropriado das finanças do Saigon Joint Stock Commercial Bank (SCB) por mais de uma década, Lan também foi forçada a indenizar os milhares de clientes que assaltou. Os promotores disseram que as perdas totais com a fraude ascendem atualmente a US$ 27 bilhões, o equivalente a 6% do produto interno bruto (PIB) do Vietnã em 2023.
MANIPULAÇÃO DE PROCURADORES “LARANJAS”
Presidente e fundadora da empresa Van Thinh Phat Holdings Group Joint, My Lan desviou gigantescas quantias do SCB por meio de procuradores “laranjas”, manipulando a instituição e mantendo as negociatas sob controle, completamente à revelia do interesse público.
Os ativos do SCB estão avaliados atualmente em R$ 6,1 bilhões, não havendo, portanto, condições de restituir o dano causado.
Para consumar o assalto, o banco de Lan recebeu o apoio do Banco Central do Vietnã, que necessitará agora passar por uma completa reestruturação e auditoria.
Anteriormente, Lan já havia sido obrigada a comparecer ao Tribunal sob a acusação de “apropriação fraudulenta de propriedade” por ter emitido títulos de alto risco através do banco SCB. Desta forma, se apropriou de mais de um bilhão de dólares de mais de 40 mil vítimas em todo o país.
Desta vez, pelos crimes de “Desvio de bens” e “Violação das regras de concessão de crédito na atividade das instituições de crédito” foi condenada a 20 anos de prisão, por cada um deles.
Ao saber que havia sido condenada à morte, Lan “tropeçou e foi apoiada pela polícia”, mas depois “se acalmou para ouvir todo o conteúdo do veredito”.
Embora tivesse “atenuantes”, como ser réu primária, e ter participado de atividades de caridade, como a prevenção de epidemias, o Tribunal ainda manteve a sentença mais alta porque suas violações à lei foram “sofisticadas”, “organizadas” e “ocorreram durante um longo período de tempo” com “consequências excepcionalmente graves”.
Além de Lan, foram julgados outros 85 réus envolvidos com as falcatruas, quatro deles condenados à prisão perpétua, incluindo Thi Nhan, diretora do Departamento de Inspeção dos Bancos do Estado, e três ex-líderes do SCB em diferentes períodos: Dinh Thanh (ex-presidente, atualmente foragido), Bui Anh Dung (ex-presidente) e Vo Tan Hoang Van (ex-diretor geral). O marido de Lan, Chu Lap Co (de Hong Kong), e sua sobrinha, Truong Hue Van, foram condenados a nove e 17 anos de prisão, respectivamente.
A sentença é uma consequência das operações anti-corrupção que o governo vietnamita vem realizando e que já fizeram com que centenas de funcionários públicos e empresários fossem processados e forçados a abandonar seus cargos