O juiz Eduardo Pereira dos Santos Júnior, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, condenou nesta segunda-feira (09), dois homens por racismo e injúria racial contra a jornalista da TV Globo, Maju Coutinho.
A Justiça entendeu que Erico Monteiro dos Santos e Rogério Wagner Castor Sales utilizaram perfis falsos nas redes sociais para acessar a página da emissora e proferir injúrias contra a apresentadora de forma coordenada.
“Na liderança da comunidade cibernética denominada ‘Warning’, e sob pena de exclusão, ordenaram que seus membros efetuassem postagens de cunho preconceituoso e discriminatório contra a raça negra e a cor preta, o que efetivamente aconteceu, e de modo maciço e impactante. (…) Ao atacar figura pública emblemática, os réus visavam – e de alguma forma obtiveram – ampla repercussão de suas mensagens segregacionistas”, disse o juiz na sentença.
Pelos crimes, Erico foi condenado a seis anos de reclusão e Rogério a cinco anos em regime semiaberto, mais multa. Na sentença, o juiz também entendeu que os dois réus cometeram corrupção de menores por terem induzido três adolescentes à prática dos mesmos crimes. Eles poderão recorrer da sentença em liberdade, segundo o entendimento do juiz.
Outros dois réus: Kaique Batista e Luis Carlos Felix de Araújo, que também tinham sido denunciados pelo Ministério Público como parte do mesmo grupo, foram absolvidos pelo juiz por falta de provas.
“A condenação dos autores dos ataques à Maju Coutinho, sobretudo do líder da gangue virtual de mais de dez mil membros, é uma demonstração de que a internet não é um oceano de impunidade por onde navegam racistas e outros criminosos virtuais. Mesmo os que se escondem atrás de nicknames e de perfis falsos (fakes), como no caso, podem ser alcançados pela polícia, pelo Ministério Público e pela Justiça Criminal”, afirmou Christiano Jorge Santos, um dos promotores do caso.
Foi através da apreensão do computador de Kaique Batista que a polícia chegou até o grupo.
Os quatro réus foram denunciados em 2016 pelo Ministério Público de São Paulo, após ampla investigação sobres os ataques que vinham acontecendo nas redes sociais desde 2014. Eles utilizavam pseudônimos e contas falsas para promover os crimes, de acordo com os promotores.
O inquérito de 18 páginas contra o grupo afirma que os réus marcavam dia e horário para atuarem juntos nos ataques, com ajuda de profissionais de informática. Eles induziram outros quatro menores a participar da prática dos crimes e eram chefiados por Érico Monteiro dos Santos.