Dois bolsonaristas que tentaram explodir uma bomba no Aeroporto de Brasília para impedir a posse de Lula foram condenados, na quinta-feira (11), pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
O atentado aconteceu no dia 24 de dezembro de 2022, faltando poucos dias para a posse de Lula como presidente da República.
Três terroristas colocaram uma bomba em um caminhão-tanque que ia em direção ao Aeroporto de Brasília, visando “dar início ao caos” para que as Forças Armadas dessem um golpe de estado. Eles não conseguiram explodir a bomba.
Alan Diego dos Santos Rodrigues foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão pelos crimes de incêndio e de expor a perigo a vida.
George Washington de Oliveira Sousa foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão pelos mesmos crimes e por porte ilegal de arma de fogo e artefato explosivo.
A sentença manteve a prisão preventiva dos dois.
O outro terrorista identificado, Wellington Macedo de Souza, teve sua parte desmembrada do processo. Wellington, que era assessor do Ministério da Mulher na gestão de Damares Alves, foi o responsável por instalar a bomba e teve seu processo desmembrado. Ele está foragido.
Os três se conheceram no acampamento golpista em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
Segundo a decisão da Justiça, os três bolsonaristas “se encontraram durante as manifestações contrárias ao resultado das eleições presidenciais, em frente ao Quartel General do Exército em Brasília-DF, oportunidade em que decidiram se unir para praticar delitos”.
“O objetivo dos denunciados era cometer infrações penais que pudessem causar comoção social a fim de que houvesse intervenção militar e decretação de Estado de Sítio”, continua a sentença.
George Washington, que morava no Pará, foi até Brasília carregando “diversas armas de fogo, os acessórios e as munições”, além de dinamites, com o objetivo de distribuir entre os que estavam no acampamento para “garantir distúrbios sociais e evitar a propagação do que ele denomina como comunismo”.
A investigação descobriu que George Washington recebeu no acampamento os acionadores das bombas e um controle remoto. Ele passou o equipamento para Alan, que entregou para Wellington, que deveria realizar o atentado.
Wellington foi, acompanhado por outro criminoso não identificado até o Aeroporto de Brasília e instalou a bomba em um caminhão-tanque carregado de sessenta e três mil litros de querosene de aviação.
Foram identificados indícios de que os terroristas tentaram explodir a bomba, mas “houve inadequação na montagem para que fosse detonada a carga explosiva”.
O motorista do caminhão percebeu a caixa que estava instalada no automóvel e chamou a polícia, que desarmou a bomba num canteiro da via.
BOLSONARO INCENTIVOU TERRORISMO
Mesmo antes de ser derrotado por Lula, Jair Bolsonaro já estava disseminando mentiras e desconfiança sobre as urnas eletrônicas. Ele chegou a dizer que “a fraude está no TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”.
No dia 9 de dezembro de 2022, 15 dias antes do atentado de George Washington, Alan Diego e Wellington Macedo, Jair Bolsonaro falou para seus apoiadores que tinham de “enfrentar o sistema” e entregar “a vida física se preciso for”.
Ele ainda falou: “Não é eu autorizo não. É o que eu posso fazer pela minha pátria”.
“Eu autorizo” era o termo usado por seus apoiadores para indicar que apoiavam um golpe de estado. Desta vez, Bolsonaro era que estava autorizando seus apoiadores a cometerem atentados antidemocráticos.
Esse discurso também culminou no atentado do dia 8 de janeiro, quando bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional para tentar dar um golpe.
O Supremo Tribunal Federal já tornou réus 550 criminosos envolvidos no atentado, enquanto julga a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) mais 250. Ao todo, foram 1.300 denúncias.