Mais de dois anos e meio depois, a Justiça de Honduras condenou na última quinta-feira (29), sete dos oito envolvidos no assassinato da ambientalista e liderança indígena Berta Cáceres. Entre os criminosos estão representantes da empresa Desarrollos Energéticos (Desa), responsável pelo projeto hidrelétrico Agua Zarca, ao qual a dirigente e as comunidades se opunham.
No momento de sua morte, Berta era a coordenadora do Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras (Copinh), que fundou em 1995, e por meio do qual havia conseguido paralisar as obras de devastação da área verde e contaminação do rio Gualcarque, sagrado para a comunidade Ienca, a maior etnia indígena do país, de origem maia. A vitória havia sido conseguida com amplas mobilizações massivas e a apresentação de 33 denúncias ao Ministério Público.
Presidente da Desa, o engenheiro elétrico Roberto David Castillo, presidente executivo da empresa que desenvolvia o projeto, é acusado de ser o autor intelectual do crime. Castillo foi preso no aeroporto de San Pedro Sula quando tentava fugir do país. Com ampla oposição da sociedade, o projeto só foi aprovado após o golpe de Estado de 2009, com a deposição do presidente Manuel Zelaya.
Além de Castillo, também foram presos o ex-gerente ambiental da Desa, Sergio Rodríguez, e o ex-segurança da empresa e tenente da reserva do Exército, Douglas Bustillo. Segundo a investigação, o presidente da Desa foi quem proporcionou a logística e outros recursos a um dos autores materiais, entre os quais se encontram o major do Exército Mariano Díaz e o pistoleiro Elvin Rápalo.