A Justiça do Peru anulou na quarta-feira o indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori, que lhe havia sido outorgado em dezembro do ano passado pelo então presidente Pedro Pablo Kuczynski (PPK).
O juiz Hugo Nuñez Julca, do Tribunal de Investigação Preparatória da Corte Suprema, acatou um pedido realizado pela parte civil de não aplicação do indulto humanitário em favor do ex-mandatário. Ao mesmo tempo, o magistrado, ordenou a imediata localização e captura do ex-presidente, a fim de que seja enviado à prisão.
Kuczynski havia outorgado o indulto a Fujimori em 24 de dezembro de 2017, o que gerou massivas manifestações de repúdio pelas ruas do país, se transformaram em uma crise política contra o então mandatário e o obrigaram a renunciar.
Fujimori foi condenado em 2009 a 25 anos de prisão por crimes contra o humanidade, com seu governo (1990-2000) culpado de inúmeros atos de corrupção e de ter praticado homicídio com lesões e sequestros, agravados pelas carnificinas de Barrios Altos (1991) – em que policiais encapuzados assassinaram a 15 pessoas numa festa, incluindo um menino de 8 anos – e no campus de La Cantuta (1992), na Universidade Nacional de Educação, onde foram sequestrados e mortos um professor e nove estudantes. Além disso, Fujimori foi condenado pelos sequestros do premiado jornalista Gustavo Gorriti e do empresário Samuel Dyer Ampudia, ambos em 1992.
Depois de perder a presidência do Peru por corrupção em 2018, PPK ficou sem a imunidade que o cargo lhe proporcionava e agora enfrenta diversas ações. Logo após o Congresso ter aceitado a sua demissão, a Promotoria abriu uma investigação por seus vínculos com a Odebrecht e outras empresas que favoreceu em troca de vários milhões de dólares quando ocupou o cargo de ministro na década passada.
O promotor Hamilton Castro assinalou que “há suspeitas de criminalidade” na relação de PPK com a Odebrecht e outras empresas desde quando foi ministro da Economia do governo de Alejandro Toledo (2001-2006). O advogado de Kuczynski é César Nakasaki, o mesmo que defendeu Fujimori nos processos de lesa humanidade e corrupção. Nakasaki, que virou especialista em defender políticos acusados de corrupção, também é advogado do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016), acusado de receber financiamento ilegal para sua campanha eleitoral.