
STF pediu extradição da deputada para que ela cumpra, no Brasil, pena de 10 anos de prisão, em regime fechado, pela invasão aos sistemas do CNJ
O Tribunal de Apelação de Roma, na Itália, marcou para esta quarta-feira (13) a audiência para tratar do processo de extradição da deputada federal fugitiva Carla Zambelli (PL-SP).
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu a extradição da parlamentar para cumprir a pena de 10 anos de prisão, em regime inicial fechado, pela invasão hacker aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Na última sexta-feira (8), a confirmação da data da audiência foi encaminhada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
Zambelli foi presa no fim de julho em Roma, onde tentava escapar do cumprimento de mandado de prisão emitido pelo magistrado.
A deputada deixou o Brasil em maio. Ela fugiu para a Argentina, por Manaus. Em seguida foi para os Estados Unidos. De onde seguiu para a Itália por ter dupla cidadania.
AUTORA INTELECTUAL
Segundo as investigações, Zambelli foi a mandante da invasão para uma grosseira emissão de mandado falso de prisão contra Alexandre de Moraes, inseridos no sistema do CNJ pelo hacker Walter Delgatti, que também foi condenado.
Em depoimento, ele confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
OUTROS PROCESSOS
Carla Zambelli também responde a processo por porte ilegal de arma de fogo por ter perseguido um jornalista, em público, com arma em punho, na véspera das eleições de 2022, período em que é manifestamente ilegal portar armas.
Nesse caso, já há maioria no Supremo para condená-la. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Nunes Marques, mas vai ser retomado na próxima sexta-feira (15).
Após a fuga para a Itália, o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão preventiva de Zambelli e pediu a extradição. A solicitação foi enviada pelo Itamaraty ao governo italiano.
A decisão final sobre a extradição será da Justiça da Itália e do governo italiano, com base na legislação do país e nos acordos entre ambos os países. Não há prazo para a decisão.
INFORMAÇÕES INVERÍDICAS
Em sessão realizada dia 30 de janeiro, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) concluiu o julgamento da Aije (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) contra Zambelli e cassou o diploma de deputada federal, por maioria de votos — 5 a 2. Cabe recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A decisão, que também a tornou inelegível por 8 anos a partir do pleito de 2022, reconheceu o uso indevido dos meios de comunicação e a prática de abuso de poder político.
A ação foi proposta pela também deputada federal Sâmia Bomfim (PSol-SP), sob a alegação que Zambelli divulgou informações inverídicas sobre o processo eleitoral de 2022.