Nesta quinta-feira (11), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) suspendeu a reintegração de posse de um galpão no bairro do Cambuci, na região central de São Paulo. Cerca de 350 famílias que residem no local seriam retiradas após um pedido de despejo ser concedido em primeira instância.
A ação de despejo em meio à pandemia de coronavírus foi denunciada pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) na última quarta-feira (10). Ele fez um apelo na Câmara dos Deputados contra o desalojamento das famílias.
“Eu quero fazer aqui um protesto, porque a 1ª Vara Cível da região do Ipiranga tomou uma decisão e, na quinta-feira, desocupará na área no Cambuci onde nós temos cerca de 350 famílias, uma área que inclusive tem previsão pelo Plano Diretor da cidade de São Paulo ser dirigida para área de interesse social, que deveria ser dedicada para a construção de habitação de moradia popular. No próprio mapeamento feito pela Prefeitura, são 30 mulheres grávidas, muitas crianças que estão naquela região. Eu espero que tanto a Prefeitura, como o Governo do Estado de São Paulo adotem medidas para dialogar, firmar um entendimento e proteger essas famílias. 350 famílias que durante a pandemia ficarão expostas a sair de onde vivem”.
“A região do Cambuci é no centro expandido da cidade e é lá que essas famílias têm alternativa de renda. Então quero fazer um apelo ao prefeito Bruno Covas, ao governador João Doria, de que construam uma saída para que essas 350 famílias não fiquem ao relento, sem nenhuma proteção. Então eu quero dizer que deveremos estar com o movimento social de São Paulo para construir uma resistência e impedir que essas famílias sejam desalojadas do seu lar, impedidas de viver com dignidade”, disse Orlando no Plenário da Câmara.
O galpão onde funcionava uma antiga fábrica fica localizado na esquina da Avenida do Estado com a Avenida Tereza Cristina, na divisa entre os bairros do Cambuci e Ipiranga. A Polícia Militar chegou a ir até o local, mas, por conta da decisão provisória, foi impedida de desocupar a área. As famílias construíram moradias dentro do terreno que estava abandonado e bem deteriorado.
A região é considerada pelo Plano Diretor da cidade como uma Zona de Interesse Social, que deve ser destinada para a construção de moradias populares.
O galpão de mais de 10 mil metros quadrados, foi ocupado em novembro de 2020, por mais de 350 famílias, sendo 150 famílias de brasileiros e 200 famílias de haitianos, dentre eles 300 crianças, 30 grávidas e 5 deficientes, além de 30 pessoas que estão com sintomas de Covid-19.