Joice Hasselmann foi eleita para a liderança do PSL no lugar de Eduardo, a quem ela acusa de ser o “chefe da milícia digital bolsonarista”
A guerra entre a família Bolsonaro e seu ex-partido, o PSL, continua a todo vapor. O diretório nacional da legenda decidiu na terça-feira (3) suspender as atividades parlamentares de Eduardo Bolsonaro e de outros 17 deputados.
As suspensões e advertências aos parlamentares, incluindo Eduardo, já haviam sido aprovadas pelo Conselho de Ética do partido e foram validadas pelos 153 membros com direito a voto no diretório nacional.
Nesta terça-feira (10) o aviso chegou ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assinou despacho efetivando o afastamento de Eduardo Bolsonaro e dos deputados Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG), Daniel Silveira (RJ) Bia Kicis (DF), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Carlos Jordy (RJ), Vitor Hugo (GO), Filipe Barros (PR), General Girão (RN), Sanderson (RS), Cabo Junio Amaral (MG), Carla Zambelli (SP) e Marcio Labre (RJ).
Na manhã da quarta-feira (11) os ex-seguidores de Bolsonaro se reuniram e elegeram a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) para a liderança da bancada na Câmara no lugar de Eduardo Bolsonaro. Ela obteve o apoio de 22 parlamentares entre os 39 que permanecem ativos na bancada.
No entanto, no meio da tarde desta mesma quarta-feira, o juiz Giordano Resende Costa, da 4ª Vara Cível de Brasília, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), suspendeu as punições sob a alegação de que não houve transparência na convocação da reunião do diretório que tomo as decisões.
Na decisão, o juiz entendeu que houve ausência de provas sobre a formação do órgão de julgamento do PSL, se foi composto antes ou depois das supostas infrações pelas quais os parlamentares estão sendo punidos. As punições ficam suspensas até o julgamento final da ação impetrada pela ala bolsonarista.
Dos 18 punidos, 14 tiveram o mandato suspenso por períodos que variam de 3 a 12 meses, dependendo do parlamentar. Os demais receberam apenas advertência pelas suas condutas.
O deputado Júnior Bozzella (PSL-SP) informou que o PSL recorreu da decisão. Segundo ele , “o juiz decidiu sem ouvir o PSL e sem critério nenhum”. “Todos os ritos foram seguidos”, afirmou.
A suspensão das punições pela Justiça não tem efeito imediato e a eleição de Joice Hasselmann para a liderança está confirmada. Joice depôs recentemente na CPI das Fake News e acusou Eduardo Bolsonaro de ser o chefe das milícias digitais de Bolsonaro.
O grupo que elegeu a nova liderança é chamado de grupo bivarista. O apelido é dado àqueles que tomaram o lado do presidente do partido, Luciano Bivar (PE), após sua briga com o presidente Bolsonaro em outubro pelo controle do fundo partidário.
Na época, Bolsonaro, ao não conseguir colocar a mão no fundo, passou a dizer que Luciano Bivar estava “queimado para caramba”. Sem o controle do dinheiro, Bolsonaro e seus filhos resolveram abandonar o PSL e montar um novo partido onde eles almejam ter o controle total da situação, inclusive do dinheiro.
Até terça-feira, o PSL ainda era considerado como a segunda maior bancada da Casa, com 53 deputados. Com as punições, caiu para a terceira posição, atrás do PT e do PL e empatado com o PP – a conta oficial da Câmara exclui os parlamentares suspensos.
Os deputados federais do PSL que continuam fieis à família Bolsonaro não podem deixar a sigla pela qual foram eleitos sem perder o mandato. Eles mantém os mandatos apenas em ocasiões especiais (como expulsão da legenda ou discriminação pessoal).