Secretário de Governo da Província de Buenos Aires, Carlos Bianco, alertou que mais de 40 mil trabalhadores perderam seus empregos, enquanto as empresas foram obrigadas a contrair “dívidas recordes para passar o ano”
“Há uma tragédia econômico-financeira em curso na Argentina”, alertou o secretário de Governo da Província de Buenos Aires, Carlos Bianco, confrontando o discurso do presidente Javier Milei sobre as hipotéticas melhoras conquistadas em seu primeiro ano de gestão.
O secretário do governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, disse que a bonança propagandeada pelos neoliberais “não é real, exceto para uns poucos setores”. “As empresas contraíram dívidas recordes, mas para atravessar o ano”, explicou Bianco, frisando que o dinheiro vai pagar custos e não para investimento. “Muitas empresas pedem empréstimos a Juan Cuattromo, presidente do Banco da Província de Buenos Aires, para pagar salários”, exemplificou.
Os números divulgados pelas entidades empresariais denunciam a perda de 40 mil postos de trabalho e o fechamento de 900 indústrias desde que Milei entrou na Casa Rosada. Entre os setores mais atingidos, citou o secretário, foi a produção de aço, que despencou 21% em relação a outubro do ano passado.
A catástrofe também se reflete no desabamento de turistas que ingressaram no país, confirmou o Instituto Nacional de Estatística e Censos da República (Indec). Enquanto a entrada de estrangeiros caiu 30% por conta dos altos valores praticados no mercado interno – provocando a demissão de milhares de hoteleiros -, as viagens de argentinos para férias no exterior aumentaram 24%.
Outro número bastante eloquente, revelou Bianco, está o faturamento dos supermercados que foi até 30% inferior ao do ano passado.
TRABALHADORES VOLTAM ÀS RUAS NA PRÓXIMA QUINTA
Em rechaço às medidas de arrocho salarial e retirada de direitos aplicada por Milei, as centrais de trabalhadores e os movimentos sociais convocaram para a próxima quinta-feira (5) uma Jornada Federal de Luta Contra a Fome.
“Além de mostrar com força a exigência da construção de uma pátria sem fome frente a um governo de saque e pilhagem, queremos transmitir a nossa exigência de soberania nacional frente à rendição”, declarou Hugo “Cachorro” Godoy, secretário-geral da Central dos Trabalhadores da Argentina – Autônoma (CTA-A). E sublinhou: “afirmamos a soberania popular diante de quem governa por decreto e atropela a Constituição de fato”.
O pacote de medidas de Milei, condenou Godoy, “é uma violência”, e citou “a retirada do remédio dos aposentados”. Enquanto isso, alertou, “o capital financeiro continua continua se aproveitando, e já sabemos onde isso termina, que é na falência da Argentina”.
O secretário-geral da CTA dos Trabalhadores e Trabalhadoras, Hugo Yasky, também desmentiu as fantasias propagandeadas pelo governo e sua mídia. “Vivemos um momento em que, ao contrário do que diz o governo e face à euforia demonstrada pelo setor financeiro que a acompanha, a fome cresce e o aumento da pobreza não tem paralelo. O governo Milei acaba de anunciar um novo golpe no bolso dos aposentados, o que tornará mais difícil que acessem seus medicamentos”, explicou.
Neste sentido, Yasky destacou que “o governo está construindo uma Argentina onde a indústria tende a desaparecer, e a única coisa que nos resta é a liberdade entre pagar tarifas e ter comida na mesa. Não queremos essa liberdade, queremos um país com justiça social”. E concluiu: “Ninguém vai largar a mão de ninguém, não vamos entregar nenhuma bandeira a quem se considera dono do país”.